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"Pausas humanitárias" em Gaza. OMS diz que vacinação contra poliomielite começa no domingo

por Carla Quirino - RTP
Khan Younis, ao sul de Gaza Hatem Khaled - Reuters

A Organização Mundial da Saúde anunciou que Israel concordou em fazer "pausas humanitárias" para permitir que decorra a vacinação contra a poliomielite em Gaza. A vacinação deve começar no próximo domingo, 1 de setembro, e a OMS quer ter equipas no terreno desde o primeiro momento. Cerca de 1,2 milhões de doses da vacina já foram entregues a Gaza.

A vacinação contra a poliomielite é considerada vital e deverá arrancar no dia 1 de setembro, de acordo com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O responsável sublinhou que as das próximas 48 horas serão utilizadas para garantir que a logística esteja pronta para o lançamento de uma campanha de vacinação.

Vacinas da pólio, em Gaza | Foto: OMS

A campanha terá como objetivo vacinar cerca de 640.000 crianças na Faixa de Gaza reportou Rik Peeperkorn, da OMS, nesta sexta-feira.

O representante da OMS para os territórios palestinianos ocupados acrescentou ainda que cerca de 1,2 milhão de doses de vacina já foram entregues a Gaza para o arranque da campanha de 1 de setembro. 

A caminho do enclave palestiniano estão mais 400 mil doses adicionais, confirmou Peeperkorn.
Vacinação no intervalo das bombas
Porém, a vacinação em massa está limitada. Apenas acontecerá em "certos lugares e em determinados momentos", diz a OMS.

A campanha será lançada em três fases separadas, distribuida nas áreas central, sul e norte do território. Em cada etapa, os confrontos param durante três dias consecutivos entre 6h00 e 15h00, horário local.

“Temos um compromisso preliminar para pausas humanitárias específicas em áreas durante a campanha”, explicou. "As pausas serão implementadas primeiro no centro de Gaza por três dias, seguido pelo sul de Gaza e depois pelo norte de Gaza”.

Louise Wateridge, porta-voz da ONU em Gaza, pediu um cessar-fogo para permitir que o programa de vacinação ocorra com segurança.

"Não podemos vacinar crianças sob um céu cheio de bombas e ataques, não podemos vacinar crianças que estão a fugir para salvar as suas vidas",
afirmou Wateridge ao programa Today da Rádio 4, na sexta-feira.

"Qualquer operação militar durante o período em que estamos a tentar lançar uma campanha de vacinação afetará a nossa capacidade de fornecer essas vacinas às crianças", acrescentou.

Entretanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deixou claro que as pausas de três dias "não representava um cessar-fogo".

Desde outubro que a a cobertura da vacina contra a poliomielite em Gaza caiu para mais de 80 por cento. A OMS pretende agora atingir uma cobertura de vacinação de 90 por cento em toda a Faixa de Gaza, condição fundamental para interromper a transmissão do vírus em Gaza.


Mãe e o bebé Abdul Rahman Abu Al-Jidyan, o primeiro caso de pólio registado | Ramadan Abed - Reuters

Gaza não tinha nenhum registo de poliomielite há 25 anos, porém foi reportado um primeiro caso da doença há poucas semanas. Um bebé de 10 meses contraiu o vírus e ficou parcialmente paralisado. As autoridades deram o alerta e foi concretizado o acordo com Israel para se realizarem as “pausas humanitárias”.

A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infeciosa viral aguda, causada pelo poliovírus, transmitida de pessoa a pessoa. Espalha-se principalmente pelas secreções orais e fezes e é muito contagiosa. A ingestão de substâncias contaminadas é uma das formas de contrair a doença. A poliomielite afeta principalmente crianças menores de cinco anos.
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