Nos bastidores da diplomacia norte-americana. Elon Musk reuniu-se com embaixador iraniano na ONU

por Joana Raposo Santos - RTP
A reunião realizou-se numa localização secreta e foi "positiva", segundo fontes iranianas. Foto: Carlos Barria - Reuters

Elon Musk, recentemente escolhido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para liderar o novo Departamento de Eficiência Governamental, está cada vez mais enredado na cena política norte-americana. O multimilionário esteve reunido com o embaixador iraniano nas Nações Unidas e, durante a conversa de mais de uma hora, os dois homens discutiram formas de reduzir as tensões entre Washington e Teerão.

Segundo dois funcionários iranianos auscultados pelo New York Times, a reunião realizou-se numa localização secreta e foi “positiva”, representando “boas notícias” para as relações entre os dois países.

Uma das fontes indicou que foi Elon Musk quem solicitou o encontro, enquanto o embaixador iraniano, Amir Saeid Iravani, escolheu a localização.

Questionado sobre a veracidade da informação, o diretor de comunicações de Donald Trump, Steven Cheung, disse não comentar “relatos de reuniões privadas que possam ou não ter ocorrido”. Já Elon Musk não respondeu às questões do NYT.

Karoline Leavitt, porta-voz da futura Administração, afirmou em comunicado que “o povo americano reelegeu o presidente Trump porque confia nele para liderar o nosso país e restaurar a paz em todo o mundo através da sua força”.

Segundo a CNN Internacional, os funcionários da Administração Biden na ONU não foram notificados de que a reunião entre Musk e Amir Saeid Iravani estava a decorrer e ainda não receberam a confirmação oficial da sua realização.
Musk também falou com Zelensky
A presença de Elon Musk - multimilionário dono da fabricante de veículos elétricos Tesla, da rede social X e da empresa aeroespacial Space X – em reuniões diplomáticas com líderes internacionais não é inédita.

Já na semana passada, Donald Trump passou o telefone a Musk durante uma chamada com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Agora, a reunião com o embaixador iraniano na ONU pode indicar uma mudança nas relações entre Teerão e Washington sob a Administração Trump, apesar das tensões que marcaram o anterior mandato do ex-presidente republicano.

O ponto mais sensível foi a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear internacional com o Irão, em 2015. “É um acordo horrível que nunca, nunca deveria ter acontecido”, considerou então Trump, que na altura impôs duras sanções económicas às receitas de petróleo iraniano e às transações bancárias internacionais. Donald Trump tem sido um forte apoiante de Israel, que desde outubro do ano passado iniciou uma guerra sem precedentes contra o grupo radical Hamas, apoiado pelo Irão.

Além disso, o então presidente ordenou a morte do general iraniano Qassim Suleimani, em 2020. Em resposta, o líder supremo do Irão baniu as negociações com a Administração Trump e prometeu vingar a morte do general.

Na semana passada, procuradores federais revelaram um plano do Irão para assassinar Donald Trump antes das eleições presidenciais norte-americanas do início de novembro.

No entanto, após a vitória do republicano perante a democrata Kamala Harris, Teerão tem debatido publicamente se conseguirá alcançar uma nova e fortalecida relação com os Estados Unidos. Vários membros do novo Governo do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, já disseram ser a favor de negociações que permitam levantar as sanções ainda em vigor.

No entanto, os mais conservadores opõem-se à via diplomática com Trump e relembram que quaisquer negociações ou acordos devem ser aprovados pelo líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei.
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