O ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Noël Barrot, vai viajar hoje até Beirute, capital do Líbano, para se reunir com as autoridades daquele país, alvo de bombardeios israelitas há alguns dias, confirmou o seu departamento.
A viagem estava prevista há alguns dias e foi anunciada na plataforma da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, mas foi suspensa devido à intensificação dos bombardeamentos israelitas.
Segundo a revista Foreign Affairs, Barrot reunir-se-á com as autoridades locais do Líbano e prestar-lhes-á apoio francês, nomeadamente no domínio humanitário.
A França tem sido muito crítica em relação aos bombardeamentos israelitas no Líbano e o próprio ministro, que falou este sábado por telefone com o seu homólogo libanês, Najib Mkati, condenou-os e apelou a um cessar-fogo imediato, manifestando-se contra qualquer invasão terrestre do Líbano.
Barrot, que ocupa o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da França há uma semana, deve desembarcar no final da tarde em Beirute.
O chefe da diplomacia francesa tem tentado nos últimos dias evitar uma escalada do conflito no Médio Oriente, especialmente depois de este sábado Israel ter confirmado a morte do líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, na sequência de um dos seus bombardeamentos.
Num primeiro momento, o ministro francês entregará ajuda humanitária de emergência às autoridades sanitárias libanesas, realizando depois uma reunião de trabalho sobre a proteção dos residentes franceses no Líbano.
Esta segunda-feira, Barrot reunir-se-á com o patriarca da Igreja Católica Maronita, Boutros Rai, com o chefe das Forças Armadas do Líbano, Joseph Aoun, e com o primeiro-ministro do país, Najib Mikati.
Além disso, o ministro francês terá um almoço de trabalho com o coordenador especial da ONU para o Líbano e a Força de Intervenção (FINUL).
Barrot também estará com funcionários da embaixada da França em Beirute e com a comunidade francesa residente no Líbano.
O ministro francês reiterou que a segurança da comunidade francesa instalada no Líbano é a prioridade da sua ação.
Neste sentido, o porta-voz do Ministério das Negócios Estrangeiros, Christophe Lemoine, garantiu que neste momento não se considera a retirada de cidadãos franceses no Líbano, embora estejam a acompanhar a situação "ao minuto".
Em entrevista à rede BFMTV, Christophe Lemoine recordou que a instrução dada aos franceses nos últimos dias é para não viajar para o Líbano por enquanto e, para quem desejar sair de território libanês, recomenda-se que o faça enquanto as companhias aéreas continuam a operar no país.
No sábado, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, manifestou-se "extremamente preocupado" com a situação no Médio Oriente.
O Hezbollah confirmou no sábado a morte do líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, horas depois de o exército israelita ter anunciado que o líder xiita pró-iraniano tinha morrido no bombardeamento da sede da organização na sexta-feira, nos subúrbios sul de Beirute.
Israel já tinha matado este mês o chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute.
Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde 07 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.
Os ataques de Israel contra o Hezbollah intensificaram-se de forma substancial nos últimos dias, após as autoridades militares de Telavive terem anunciado uma deslocação das operações da Faixa de Gaza para o norte do país.
O Hezbollah integra o chamado "Eixo da Resistência", uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes huthis do Iémen.