Líder do Hezbollah nega perda de capacidade operacional
O secretário-geral do Hezbollah, Naim Qasem, negou hoje a perda de capacidade operacional da milícia xiita libanesa devido aos ataques de Israel, que mataram ou feriram alguns dos seus principais dirigentes e grande número de combatentes.
Num discurso à população libanesa em que fez o balanço do conflito com Israel, Qasem reivindicou que este país "não conseguiu atingir os seus objetivos no Líbano".
"A resistência no Líbano mantém uma presença forte, operando onde é preciso e movendo-se com sabedoria de acordo com as exigências do confronto", disse o líder do Hezbollah, segundo o canal Al Manar, ligado ao movimento xiita apoiado pelo regime do Irão.
Qasem aproveitou a ocasião para enaltecer o legado do seu antecessor, Hassan Nasrallah, morto num ataque israelita a Beirute no final de setembro.
Recordou também Hashem Safiedine, primo de Nasrallah que lhe deveria suceder no cargo, mas que também foi vítima de um ataque israelita à capital libanesa alguns dias depois.
O Hezbollah começou a disparar mísseis contra o território israelita em 08 de outubro de 2023, no dia seguinte aos ataques do Hamas, em sinal de apoio à causa palestiniana.
Após vários meses de ataques de parte a parte, e depois de ter atacado o Hamas na Faixa de Gaza, Israel intensificou as suas operações contra o Hezbollah com ataques à capital do Líbano, Beirute, e uma incursão terrestre no sul do país em outubro de 2024.
Após dois meses de bombardeamentos pesados, que custaram a vida a cerca de 4.000 pessoas, incluindo altos responsáveis do Hezbollah, o Hezbollah concordou com um cessar-fogo negociado entre o Líbano e Israel, que previa a cessação das hostilidades em troca da retirada do movimento xiita e das tropas israelitas do sul do país.
No entanto, Israel acabou por não se retirar completamente do território do país vizinho, deixando cinco postos de observação na zona, e nas últimas semanas lançou ataques contra alegados membros e estruturas do Hezbollah, incluindo com manobras militares na fronteira.
Neste contexto, Qasem instou hoje as autoridades libanesas a "cumprirem as suas obrigações e a exercerem pressão sobre aqueles que colocam pressão sobre o acordo".
"Não aceitamos a continuação da ocupação e não abandonaremos os prisioneiros", afirmou.
Qasem sublinhou que a operação "Dilúvio de Al Aqsa" - nome de código dos ataques palestinianos contra Israel em 07 de outubro de 2023 - serviu para "mudar as coisas" na região e mostrou que Israel "está a atravessar uma crise existencial".
"Durante 18 meses, a causa palestiniana brilhou no mundo, emergindo como uma realidade que ninguém pode negar, enquanto Israel é exposto pelas suas ações criminosas e agressivas", disse Qasem, que elogiou a convicção do povo palestiniano e os `sacrifícios` que fez `para permanecer na sua terra`.
"Apesar de mais de 50.000 mártires, apesar da fome, do genocídio e da opressão, o povo palestiniano continua firme e confiante na vitória", acrescentou Qasem, destacando alguns dos "mártires" dos grupos palestinianos, bem como alguns dos seus principais parceiros.
O líder do Hezbollah sublinhou que o principal objetivo de Israel, juntamente com o seu parceiro, os Estados Unidos, é "liquidar completamente a causa palestiniana, deslocar a população da Cisjordânia e de Gaza e ocupar terras" em países vizinhos como o Líbano, a Síria, o Egito e a Jordânia.
Qasem aproveitou também o seu discurso para prestar homenagem às autoridades islâmicas iranianas, nomeadamente ao falecido Ayatollah Ruhollah Khomeini e ao seu sucessor, o atual líder iraniano Ali Khamenei.
"O `eixo da resistência` (formado pelo Irão e aliados na região, incluindo Hezbollah e Hamas) está em dívida para com o Irão islâmico. Deus honrou-nos com o Imã Khomeini, que apelou à união de esforços pela causa (...) e com o Imã Khamenei, que apoia o eixo de resistência contra o inimigo", disse Qasem.