Justiça dos EUA abriu processo contra líderes do Hamas por terrorismo

por Lusa

Os Estados Unidos iniciaram um processo por terrorismo contra seis líderes do Hamas, incluindo Yahya Sinouar, considerado o mentor do ataque de 07 de outubro do movimento islamita palestiniano contra Israel, revelou na terça-feira a justiça norte-americana.

Seis líderes do Hamas, incluindo o seu antigo líder político Ismaïl Haniyeh, assassinado em Teerão em 31 de julho numa operação atribuída a Israel, bem como o seu sucessor Yahya Sinouar, são alvo do processo iniciado em 01 de fevereiro nos tribunais federais de Nova Iorque.

Nessa altura, Yahya Sinouar era o líder do Hamas na Faixa de Gaza.

Desde então, além de Ismaïl Haniyeh, dois outros destes responsáveis, incluindo o chefe do braço armado do Hamas, foram mortos pelo Exército israelita na Faixa de Gaza.

A acusação tem como alvo "Yahya Sinouar e outros altos dirigentes do Hamas por planearem a campanha de violência e terror em massa desta organização terrorista, incluindo o dia 07 de outubro", frisou o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, numa declaração em vídeo.

"Nos seus ataques das últimas três décadas, o Hamas assassinou e feriu milhares de civis, incluindo dezenas de cidadãos norte-americanos", realçou.

"Este fim de semana, soubemos que o Hamas assassinou seis mais reféns, incluindo Hersh Goldberg-Polin, um israelo-americano de 23 anos", acrescentou Garland.

Fonte do Departamento de Justiça norte-americano, que falou à agência France-Presse (AFP) sob a condição de anonimato, explicou que a não publicação inicial das acusações pretendia "permitir que os Estados Unidos estivessem preparados para deter o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, bem como outros acusados".

"Após a morte de Haniyeh e outros acontecimentos recentes na região, deixou de haver necessidade de manter estes procedimentos confidenciais", acrescentou.

Já o diretor da polícia federal dos EUA (FBI), Christopher Wray, detalhou, em comunicado, que "desde que o Hamas lançou o seu terrível ataque, em 07 de outubro, o FBI trabalhou para identificar e processar os responsáveis por estes crimes atrozes".

"O FBI investigou incansavelmente estes ataques contra civis, incluindo americanos, e continuará a fazê-lo", garantiu.

O ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, resultou na morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas.

A guerra, que hoje entrou no 333.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 40.819 mortos (quase 2% da população) e 94.291 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após mais de dez meses e meio de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também cerca de 1,9 milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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