Jerusalém. Cinco detidos em protestos ultraortodoxos contra recrutamento militar

por Carla Quirino - RTP
Foto: Ammar Awad - Reuters

Cerca de 100 manifestantes judeus ultraortodoxos interromperam a circulação do metro de superfície em Jerusalém, esta quarta-feira, durante um protesto contra o alistamento obrigatório nas Forças de Defesa de Israel. Para desmobilizar a manifestação as forças de segurança israelitas usaram canhões de água e oficiais montados a cavalo. Pelo menos cinco pessoas foram detidas,

A violência entre policias israelitas e os manifestantes ultraortodoxos foi desencadeada em Jerusalém quando mais de cem homens bloquearam várias vias em Jerusalém.

Os confrontos iniciaram-se em frente a um centro de recrutamento das Forças de Defesa de Israel (IDF), e alastraram a mais vias.

Os mais de cem judeus ultraortodoxos protestam contra as tentativas de recrutar membros da comunidade para as IDF.

As forças de segurança declararam que o protesto era ilegal, e os alguns dos participantes revoltaram-se.

Várias dezenas de manifestantes ultraortodoxos continuaram até a estrada de Jaffa, onde tentaram bloquear os carris do metro de superfície e arremessaram objetos aos policiais.

Por terem interrompido o serviço de transporte, os protestos provocaram atrasos ao longo da rota entre a Estação Rodoviária Central e a Cidade Velha, relatou o jornal Kol Ha'ir, sediado em Jerusalém.

As autoridades usaram a força para tirar os manifestantes das estradas e da área, disse a polícia, e para isso recorreram a um canhão de água e a agentes montados a cavalo.
Contra o recrutamento das IDF

Os mais de cem homens ultraortodoxos contra o recrutamento de membros da comunidade para as Forças de Defesa de Israel estão contra a recente decisão do Tribunal Superior que estipolou uma obrigação legal para os jovens haredi que passam a integrar, tal como a restante da comunidade judaica israelita, e servirem nas forças armadas do país.

Os judeus Haredi compõem cerca de 13 por cento da população de Israel (total aproximadamente 9,9 milhões). Esta comunidade não servia nas forças armadas, dedicando a vida a estudar o livro sagrado judaico, a Torá.

Agora, os 67 mil Haredim elegíveis (o equivalente a cinco divisões militares) enfrentam a convocatória gradual para incorporação nas forças armadas.

As IDF estão com escassez de militares causada pelas hostilidades em várias frentes de guerra, tanto na fronteira norte e pela guerra em curso em Gaza, que começou em 7 de outubro.

Nesta terça-feira, a administração da defesa israelita começou a convocar para o serviço cerca de 15 mil reservistas anteriormente isentos, muitos dos quais já serviram em combate em Gaza.
"Escolhemos a prisão e não o exército"
A polícia israelita confirmou que foram detidas cinco pessoas e já está em curso uma investigação sobre um confronto físico entre um motorista que passava pelo local e um manifestante.


Polícias retiram à força os manifestantes ultraortodoxos, junto ao centro de recrutamento da IDF | Ammar Awad - Reuters

Os manifestantes tentaram repetidamente romper os bloqueios policiais perto do centro de recrutamento do IDF e entoavam slogans anti-alistamento, incluindo "Preferimos morrer do que nos alistar" e "Escolhemos a prisão e não o exército".

De acordo com a comunicação local, ouviram-se também insultos contra as autoridades, onde palavras como "nazis" e "Hezbollah" deram o mote.
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