Israel lança nova ofensiva no sul do Líbano

por Cristina Sambado - RTP
Jack Guez- AFP

Israel lançou uma nova ofensiva contra o Hezbollah no sul do Líbano. Os alvos foram rampas de lançamento de rockets, e mais de 400 terão sido destruídos momentos antes de serem lançados sobre o norte de Israel. Os ataques visaram paióis e também comandantes do Hezbollah.

"Temos atacado de forma extensiva no sul do Líbano, após termos detetado que o Hezbollah se preparava para disparar na direção do território israelita. Dezenas de aviões da força aérea israelita estão atualmente a trocar alvos e lançadores de rockets terroristas para remover qualquer ameaça a civis israelitas", afirmou Daniel Hagari, porta-vos das Forças de Defesa de Israel.
Segundo o porta-voz, "estamos a alvejar e degradar, de forma metódica, as capacidades de lançamento do Hezbollah eliminado comandantes e terroristas como fizemos durante o dia".

As forças armadas israelitas afirmaram ter atingido cerca de 290 alvos no sábado, incluindo rampas de lançamento de rockets do Hezbollah, e frisaram que iriam continuar a atacar alvos do movimento apoiado pelo Irão.

Israel encerrou as escolas e restringiu as reuniões em muitas zonas do norte do país e nas colinas do Golã ocupadas por Israel no início do domingo.

As sirenes soaram durante toda a noite quando vários foguetes e mísseis foram disparados do Líbano e do Iraque, a maioria dos quais foram intercetados pelos sistemas de defesa aérea israelita, disseram os militares.

Vários edifícios foram atingidos, incluindo uma casa gravemente danificada perto da cidade israelita de Haifa. As equipas de salvamento trataram os feridos, mas não há notícia de vítimas mortais, uma vez que os residentes tinham recebido instruções para se manterem perto de abrigos anti bombas e de salas seguras.

O Hezbollah disse que visou a base aérea israelita de Ramat David com dezenas de mísseis em resposta ao “repetido ataque israelita ao Líbano”, publicou o grupo no seu canal Telegram na madrugada deste domingo.

Os sucessivos lançamentos derockets pelo Hezbollah contra Ramat David são os ataques mais profundos que o grupo reivindicou desde o início das hostilidades.

O conflito - que sofreu uma forte escalada na última semana - tem vindo a ser travado desde que o Hezbollah abriu uma segunda frente contra Israel, depois de este país ter entrado em guerra com o Hamas no enclave palestiniano de Gaza, desencadeada pelo tumulto liderado pelo Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro.

Os militantes iraquianos apoiados pelo Irão, numa declaração, também reivindicaram um ataque explosivo de um drone contra Israel no início do domingo.
Escalada de ataques
A escalada de ataques ocorre menos de 48 horas depois de um ataque aéreo israelita contra comandantes do Hezbollah num subúrbio da capital libanesa. O número de mortos na sequência desse ataque subiu para 45, informou o Ministério da Saúde libanês este domingo.

O Hezbollah, um poderoso grupo apoiado pelo Irão, disse que 16 membros, incluindo o líder sénior Ibrahim Aqil e outro comandante, Ahmed Wahbi, estavam entre os mortos na sexta-feira no ataque mais mortífero em quase um ano de conflito com Israel.

O exército israelita afirmou ter atingido uma reunião clandestina de Aqil, líderes das forças de elite Radwan do Hezbollah, e ter desmantelado quase completamente a sua cadeia de comando militar.

O ataque arrasou um edifício residencial de vários andares no subúrbio cheio de pessoas e danificou um infantário ao lado, segundo uma fonte de segurança. Segundo o Ministério da Saúde, entre os mortos contam-se três crianças e sete mulheres.

O ataque de sexta-feira infligiu mais um golpe ao Hezbollah, depois de dois dias de ataques na semana passada, em que explodiram pagers walkie-talkies utilizados pelos seus membros.

O número de mortos nestes ataques, que se crê terem sido levados a cabo por Israel, subiu para 39, com mais de três mil feridos. Israel não confirmou nem negou o seu envolvimento.

Israel prepara-se para a retaliação
O Hezbollah afirma que continuará a combater Israel até que este concorde com um cessar-fogo em Gaza.

As autoridades americanas dizem que isso é improvável em breve. Israel quer que o Hezbollah cesse-fogo e retire forças da região fronteiriça, aderindo a uma resolução da ONU assinada com Israel em 2006, independentemente de qualquer acordo em Gaza.

Os militares israelitas restringiram as reuniões e elevaram o nível de alerta para os residentes das comunidades do norte. O alerta estendeu-se até ao sul da cidade costeira de Haifa, sinalizando que Israel pensava que o Hezbollah poderia atacar mais profundamente do que desde o início da guerra com o Hamas.

No sul do Líbano, no sábado, as pessoas descreveram enormes explosões que iluminaram o céu noturno e abanaram o chão quando Israel levou a cabo os seus últimos ataques.

O ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, que na semana passada disse que Israel estava a lançar uma nova fase da guerra na fronteira norte, postou no X: “A sequência de ações na nova fase continuará até que o nosso objetivo seja alcançado: o regresso seguro dos residentes do norte às suas casas”.

Dezenas de milhares de pessoas abandonaram as suas casas em ambos os lados da fronteira entre Israel e o Líbano desde que o Hezbollah começou a disparar foguetes contra Israel em outubro, em solidariedade com os palestinianos em Gaza.

c/agêcias
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