Israel intensifica ataques em Gaza e Líbano a par de negociações para cessar-fogo

por Inês Moreira Santos - RTP
Haitham Imad - EPA

Na terça-feira, uma equipa de negociadores israelitas viajou para o Catar tendo em vista um novo esforço para alcançar um cessar-fogo. Também o gabinete do primeiro-ministro de Israel comunicou que Benjamin Netanyahu estava a planear uma viagem ao Cairo para negociações. Apesar da nova tentativa de tréguas, o exército israelita abateu um presumível militante do Hezbollah no sul do Líbano e lançou, durante a noite, um ataque aéreo sobre Gaza, vitimando 20 palestinianos.

As negociações para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que incluem os Estados Unidos e mediadores árabes, continuam esta quarta-feira. Segundo fontes palestinianas, citadas pela Reuters, há menos lacunas na maioria das cláusulas da proposta de acordo, mas algumas das condições exigidas por Israel foram rejeitadas pelo movimento xiita Hamas.

O Hamas afirmou, numa declaração, que um acordo era possível se Israel parasse de introduzir novas condições.

Fontes israelitas próximas das negociações também confirmaram à EFE avanços no processo. No entanto, os meios de comunicação israelitas assinalaram no final de terça-feira que um acordo ainda não estava iminente por persistirem grandes obstáculos entre as duas partes.

Também segundo fontes próximas às negociações no Cairo, poderá estar para breve a assinatura de um acordo nos próximos dias, que garanta a libertação de reféns mantidos em Gaza em troca de prisioneiros palestinianos mantidos por Israel. Duas fontes de segurança egípcias acrescentaram, no entanto, que Netanyahu não estava no Cairo "neste momento", mas que uma reunião estava a decorrer para trabalhar nos pontos que faltavam.

Prevê-se também que o diretor da CIA, William Burns, um importante negociador dos EUA, se desloque até Doha ainda esta quarta-feira para reunir com o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e abordar formas para chegar a um entendimento entre Israel e o Hamas.

O presidente israelita, Isaac Herzog, vai reunir-se nas próximas horas em Jerusalém com Adam Boehler, nomeado pelo próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para as questões dos reféns. Não foram divulgadas mais informações sobre o encontro.
Israel mantém ofensiva
Paralelamente às negociações com vista a uma trégua, as autoridades palestinianas denunciaram ataques israelitas em Gaza, nas últimas horas, que mataram pelo menos 20 palestinianos: cerca de uma dezena de pessoas foram mortas na cidade de Beit Lahiya, pelo menos seis foram vítimas de um bombardeamento na Cidade de Gaza e quatro em Rafah, perto da fronteira com o Egito.

O Exército israelita anunciou, por sua vez, que abateu um elemento do Hezbollah, identificado a transportar armas no sul do Líbano, apesar do acordo de tréguas assinado entre os dois países em vigor desde 26 de novembro.

“Um terrorista do Hezbollah foi identificado a transportar um veículo com armas no sul do Líbano, em violação dos acordos de cessar-fogo entre Israel e o Líbano. A Força Aérea israelita atacou o veículo para eliminar a ameaça”, detalha o exército, em comunicado.

Israel assegura que opera para fazer cumprir o acordo de cessar-fogo e que "o exército continua destacado no sul do Líbano e continuará a operar contra ameaças ao Estado de Israel e aos seus cidadãos".

Recorde-se que no passado dia 2 de dezembro o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, acusou Israel de violar o cessar-fogo em pelo menos 54 ocasiões com ataques ao sul do Líbano.

Segundo o acordo de cessar-fogo na guerra com Israel, que durou mais de um ano e causou a morte a cerca de quatro mil pessoas, o exército libanês será destacado para a fronteira com Israel, o grupo terrorista Hezbollah deverá retirar os seus combatentes a norte do Rio Litani e o exército israelita fará o mesmo com as tropas que ocupam o sul do Líbano no prazo de 60 dias.
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