Israel emite "aviso final" à medida que continua a bombardear Gaza

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Hatem Khaled - Reuters

Uma nova vaga de ataques aéreos por parte das Forças de Defesa de Israel fez, esta quinta-feira, pelo menos 70 mortos. Israel anunciou uma intensificação das suas operações militares e lançou a primeira operação terrestre desde o colapso do cessar-fogo, ao mesmo tempo que emitiu um "aviso final" aos habitantes do território palestiniano caso o Hamas não liberte os restantes reféns.

Pelo menos 70 palestinianos foram mortos e dezenas ficaram feridos em ataques aéreos israelitas em Gaza esta quinta-feira.

De acordo com as autoridades de saúde em Gaza, os ataques atingiram várias casas nas zonas norte e sul do enclave.

Na quarta-feira, o exército israelita disse que as suas forças retomaram as operações terrestres no centro e sul de Gaza, depois de o cessar-fogo que se mantinha desde janeiro ter colapsado. Nesta nova ofensiva terrestre, os militares retomaram o controlo do corredor Netzarim, com o objetivo de "expandir a zona de segurança e criar uma separação parcial entre o norte e o sul" do território.

As operações terrestres ocorreram um dia depois de mais de 400 palestinianos terem sido mortos em ataques aéreos num dos episódios mais mortíferos desde o início do conflito, em outubro de 2023. Desde terça-feira, os ataques aéreos israelitas mataram 510 palestinianos, mais de metade dos quais mulheres e crianças, disse a autoridade de saúde à Reuters.

A nova ofensiva terrestre foi um “aviso final” de Israel aos residentes de Gaza, exigindo que libertem os restantes reféns e se "livrem" do Hamas, que tomou o poder em Gaza em 2007.

"Se todos os reféns israelitas não forem libertados e o Hamas não for completamente afastado de Gaza, Israel tomará medidas a uma escala nunca antes vista", avisou o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz.
Mediadores intensificam os esforços
Em declarações à Reuters esta quinta-feira, um responsável do Hamas disse que os mediadores intensificaram os seus esforços com os dois lados em conflito, mas acrescentou que "ainda não foram feitos avanços" nas negociações.

Na quarta-feira, o Hamas disse que “não fechou a porta às negociações”, mas exige que Israel “cesse imediatamente” as hostilidades.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que, “a partir de agora”, as negociações "só se realizarão debaixo de fogo".

As negociações estão num impasse, com Israel e o grupo armado palestiniano a não chegarem a um entendimento sobre como prosseguir o acordo de tréguas – cuja primeira fase expirou a 1 de março.

O Hamas quer passar à segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelitas de Gaza, a retoma do envio de ajuda humanitária e a libertação dos restantes reféns.


Israel, por seu turno, quer que a primeira fase seja prolongada até meados de abril para que mais reféns sejam libertados e exige a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas antes de passar à segunda fase.


O Hamas não aceitou a proposta e insiste que seja cumprido o acordo inicial.

A primeira fase da trégua permitiu o regresso a Israel de 33 reféns, incluindo oito mortos, e a libertação de aproximadamente 1.800 detidos palestinianos. Das 251 pessoas raptadas durante o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita.
Protestos contra o Governo de Netanyahu
Enquanto Netanyahu intensifica a ofensiva, milhares de israelitas protestam contra o Governo, exigindo que o executivo feche um acordo para libertar os reféns em Gaza.

"Fomos todos feitos reféns por um governo sanguinário", gritavam alguns manifestantes em Jerusalém, enquanto outros pediam a demissão do primeiro-ministro.

O protesto decorreu perto da residência do primeiro-ministro e a polícia usou canhões de água para dispersar os manifestantes.

Desde o início da ofensiva, em outubro de 2023, 49.547 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde.

c/ agências
PUB