Israel dá ordens de evacuação em Beirute e o Irão responde: "as regras do jogo mudaram"

por RTP
Foto: Ibrahim Amro - AFP

A ordem do Exército israelita foi dada para as pessoas que estão em edifícios no sul da capital libanesa, Beirute. O aviso surge quando o presidente do Irão acusou Israel de "crime de guerra claro e inegável", por causa do ataque aéreo ao quartel-general do Hezbollah, em Beirute. Já o ministro iraniano das Relações Exteriores acusa os EUA de serem "cúmplices" dos "crimes" israelitas. Joe Biden, entretanto, deu instruções ao Pentágono para "avaliar e ajustar" a força norte-americano na região.

Após o discurso de Netanyahu nas Nações Unidas, o porta-voz do exército israelita publicou na rede social X, para o público de língua árabe, mapas a localizar vários edifícios e a alertar para as pessoas abandonarem todos os prédios num raio de 500 metros em torno dos potenciais alvos.

Israel assumiu ter como alvo três depósitos de armas do Hezbollah escondidos sob edifícios no sul de Beirute e garante que o ataque vai acontecer "dentro de pouco tempo". O Hezbollah negou a existência destes arsenais.

De acordo com o correspondente da BBC no local, os bombardeamentos no sul do Líbano já decorriam em plena madrugada de sábado no Líbano.


Num discurso transmitido pela televisão, o porta-voz das Forças Armadas de Israel (IDF) garantiu que "a força das explosões causadas pelos mísseis sob estes edifícios pode causar danos ou mesmo causar o seu colapso".

Horas depois, com zonas da capital libanesa em chamas, as IDF garantiram a morte de vários comandantes da unidade de mísseis do Hezbollah, no sul do Líbano

Na rede Telegram, referiram a morte de Mohammed Ali Ismaïl, e do seu adjunto, Hossein Ahmed Ismaïl. "Outros comandantes do Hezbollah e terroristas foram aliminados ao mesmo tempo que eles", acrescentaram.

As IDF tinham referido horas antes que a sua aviação sobrevoava os céus vizinhos do aeroporto de Beirute, para impedir o Irão de fazer aterrar carregamentos de armas destinadas ao Hezbollah.

Estaria também a visar alvos da milícia xiita na região de Tyr, sul do Líbano.
"Muda as regras do jogo"
Do Irão surgem palavras carregadas de ameaça. A imprensa estatal iraniana cita o presidente Masoud Pezeshkian, que condenou o grande ataque da tarde de sexta-feira.

"É um crime de guerra claro e inegável que revelou mais uma vez a natureza do terrorismo de Estado do regime sionista".

Teerão denunciou ainda as "ameaças escandalosas" do primeiro-ministro israelita, na 79ª Assembleia-Geral da ONU. Benjamin Netanyahu afirmou que o seu país está "pronto" para uma guerra com o Irão, momentos antes do ataque ao quartel-general da milícia xiita, apoiada pelo Irão.

O bombardeamento de sexta-feira, "preciso" segundo Israel, destruiu vários edifícios em Beirute, onde funcionaria o quartel-general da milícia xiita. Foi confirmada a morte de seis pessoas e ferimentos em quase 100. 

Já a embaixada do Irão no Líbano reforça a ideia ao considerar o ataque como uma “escalada perigosa e revolucionária”, “que muda as regras do jogo”, após relatos de que Israel tem na mira o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, com os mais recentes ataques.

Nasrallah terá escapado com vida, de acordo com fontes que requereram o anonimato. Nem o Hezbollah nem as IDF confirmam oficialmente essa informação.
EUA são "cúmplices"
O ministro iraniano das Relações Exteriores, citado pelas agências internacionais de notícias, já veio afirmar que os EUA são "cúmplices" dos "crimes" de Israel no Líbano e também contra o Hamas.

Abbas Araqchi acusou Israel de ter usado várias bombas anti-bunker no ataque ao quartel-general, as quais "lhe foram dadas pelos Estados Unidos".

A Casa Branca, em comunicado esta sexta-feira à noite, adianta que o presidente Joe Biden deu instruções ao Pentágono para "avaliar e ajustar conforme necessário a postura da força dos EUA" no Médio Oriente, após os ataques israelitas em Beirute, que têm como alvo o Hezbollah.

Esta semana, o comando das Forças Armadas israelitas assumiu que está a preparar a possibilidade de uma invasão terrestre no Líbano. O objetivo é eliminar as capacidades ofensivas do Hezbollah e travar o abastecimento de armas do Irão.
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