Israel contacta europeus para que "amigos egípcios reabram posto fronteiriço" de Rafah
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, exortou hoje os governos europeus a pressionarem o Egito para que reabra o posto fronteiriço de Rafah, sul da Faixa de Gaza.
Katz também assinalou que o seu Exército não renunciará ao controlo do lado situado no enclave palestiniano, onde decorre uma ofensiva militar israelita que já provocou no espaço de uma semana o deslocamento de 450.000 civis, cerca de 20% da população concentrada nesta cidade.
"O Hamas não controlará a passagem de Rafah", sentenciou Katz na sua mensagem, ao referir-se a uma "necessidade de segurança" por Israel. "Não renunciaremos", acrescentou.
Em mensagem na sua conta da rede social X, Katz precisa que manteve contactos com homólogos do Reino Unido, Alemanha e Itália, e argumenta que "o mundo coloca sobre Israel a responsabilidade da situação humanitária, mas a chave para impedir uma crise humanitária em Gaza está agora nas mãos dos nossos amigos egípcios".
Disse ainda aguardar que estes países "convençam" de alguma forma as autoridades egípcias, e quando as forças militares israelitas assumiram o controlo da passagem fronteiriça e limitaram ao mínimo a entrada de ajuda humanitária para o enclave palestiniano, apesar dos protestos das Nações Unidas e de outras organizações no terreno.
Em paralelo, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, pediu ao chefe de Governo, Benjamin Netanyahu, que fomente a implantação de colonatos judaicos na Faixa de Gaza e force os palestinianos a uma "migração voluntária".
O ministro de extrema-direita participava numa manifestação na cidade de Sderot, a menos de um quilómetro de Gaza, para exigir a ocupação do enclave palestiniano após o final da guerra.
"É moral! É racional! É o correto! É a verdade! A Tora é o único caminho! E sim, também é humanitário", revelou no decurso da marcha, citado pelo diário The Times of Israel.
A ofensiva das forças israelitas sobre Rafah, e o reinício dos ataques no centro e norte do território estão a originar um novo fluxo de deslocamentos forçados, indicou hoje o gabinete de Coordenação de ajuda humanitária da ONU (OCHA).
Juntamente com o novo bloqueio de entrada de ajuda humanitária, estão a aumentar rapidamente os níveis de desnutrição e doenças, acrescentou.
O bloqueio à entrada de ajuda do exterior, após o encerramento por Israel das duas únicas passagens fronteiriças por onde entravam as colunas humanitárias, reverteram os escassos avanços em termos de nutrição, e quando prevalece uma alarmante taxa de desnutrição entre as crianças.
A OCHA também alertou para a escassez de combustível devido a esta situação, e que ameaça gravemente o funcionamento dos serviços de saúde ainda ativos, para além das instalações de água, saneamento e higiene.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até ao início de maio tinham sido detetados na Faixa de Gaza mais de 415.000 doenças diarreicas e mais de 61.000 casos de síndrome de icterícia aguda.
O conflito atual foi desencadeado por um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos, com Israel a responder com uma ofensiva que provocou mais de 35.000 mortos e perto de 80.000 feridos, segundo balanços das duas partes.