Israel bombardeou único hospital ainda a funcionar no norte de Gaza

por RTP
Mohammed Salem - Reuters

Gaza foi palco de novos ataques aéreos israelitas, esta segunda-feira, somando-se pelo menos mais 12 palestinianos mortos. O hospital Kaml Adwan, a única unidade hospitalar ainda a funcionar no norte do enclave, foi um dos alvos dos bombardeamentos das Forças de Israel (IDF).

O Ministério da Saúde de Gaza denunciou, durante a tarde, os bombardeamentos israelitas contra o hospital Kamal Adwan. O diretor do último hospital parcialmente funcional no norte de Gaza admitiu não compreender o propósito do ataque

“Neste momento, as forças de ocupação continuam a bombardear e destruir violentamente o hospital Kamal Adwan, atacando todas as partes do hospital”, disse o Ministério da Saúde de Gaza à Reuters.

O diretor do hospital, Hossam Abu Safieh, disse num comunicado que a situação era “catastrófica” e que “o exército não contactou o hospital antes de o atacar diretamente”.

“Muitos dos nossos funcionários ficaram feridos e não podemos deixar o hospital”, disse o responsável sobre a unidade na cidade de Beit Lahia, no norte do país. “Não entendemos o propósito por trás deste atentado que tem como alvo o hospital.”

O Ministério da Saúde fez ainda um "último pedido de socorro" enquanto as IDF avançaram sobre o Hospital Kamal Adwan, norte de Gaza. Segundo as autoridades palestinianas, os militares israelitas “bombardearam e destruíram” o hospital, afetando todas as instalações.

“Há muitos feridos entre a equipa médica e os pacientes. A equipa médica não consegue movimentar-se entre os departamentos do hospital e não consegue salvar os colegas feridos”, adiantou ainda o Ministério.

Num comunicado divulgado nas últimas horas, o exército israelita afirmou que continua a “operar contra as infraestruturas e os agentes terroristas no norte e no centro da Faixa de Gaza”. O mesmo documento indicava que mais de 70 pacientes e profissionais foram retirados com segurança dos hospitais Kamal Adwan e Al-Awda para outras instalações médicas em Gaza e que foi distribuído combustível, água e materiais médicos aos hospitais.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, mais de 1.300 pessoas foram mortas desde o lançamento da ofensiva militar no norte do território, onde “existe uma grave escassez de medicamentos, água e alimentos”.

As forças israelitas lançaram uma operação terrestre de grande envergadura no norte da Faixa de Gaza para impedir o reagrupamento dos combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas. A operação que começou com o cerco de Jabalia e se estendeu para norte até Beit Lahia, nas imediações do hospital Kamal Adwan, que seria alvo de vários ataques e incursões do exército, segundo os responsáveis.

As autoridades palestinianas acusam Israel de, com as novas ofensivas aéreas e terrestres, estar a fazer uma "limpeza étnica" com o objetivo de esvaziar duas cidades do norte de Gaza e um campo de refugiados para criar zonas de proteção. Israel nega, alegando estar a combater contra militantes do Hamas.
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