Hamas perde apoio, mas continua a ser fação preferida dos palestinianos
Um ano depois do ataque do Hamas a Israel, que desencadeou a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, o movimento islamita perdeu apoio dos palestinianos, mas continua a ser a fação preferida, mostrou um inquérito recente.
"Pela primeira vez desde 07 de outubro de 2023, simultaneamente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, os resultados mostram uma queda significativa no apoio ao ataque de 07 de outubro e nas expectativas de que o Hamas vencerá a guerra atual, e uma queda moderada no apoio ao Hamas", revela um estudo de opinião realizado entre 03 e 07 de setembro nas duas regiões palestinianas pelo Centro Palestiniano de Investigação sobre Política e Inquérito (PSR, na sigla em inglês).
O estudo implicou entrevistas a 1.200 pessoas -- 790 na Cisjordânia e 410 na Faixa de Gaza.
Um ano depois da ofensiva do Hamas, a aprovação diminuiu e é agora uma minoria na Faixa de Gaza: a percentagem de palestinianos que considera que a ação foi "correta" desceu 18 pontos desde dezembro passado, para 54%, mas em Gaza apenas 39% concordam com a ofensiva do Hamas.
Os autores do estudo advertem que "o apoio a este ataque não significa necessariamente apoio ao Hamas e não significa apoio a quaisquer matanças ou atrocidades cometidas contra civis".
Na verdade, lê-se no estudo, parece decorrer do facto de mais de dois terços dos palestinianos acreditarem que a ação do Hamas colocou o tema palestiniano "no centro da atenção" e "eliminou anos de negligência a nível regional e internacional".
Questionados sobre o papel de vários atores durante a guerra, a satisfação com a atuação do Hamas diminuiu, de forma global, de 75% para 61%, desde julho, mas a queda em Gaza foi maior: menos 25 pontos percentuais, para 39%. O grau de aprovação do Hamas na Cisjordânia é muito superior -- atualmente 75%, era 82% em julho.
Comparando com um inquérito realizado em julho, são agora menos os que acreditam numa vitória do Hamas: metade dos interrogados, enquanto há três meses eram mais de dois terços (67%). A queda é ainda maior em Gaza - menos 20 pontos, de 48% para 28%.
Os resultados mostram uma queda na Faixa de Gaza da preferência pela continuação do controlo do Hamas no "dia seguinte" à guerra, enquanto cresce o apoio pelo controlo da Autoridade Palestiniana.
Uma maioria de 57% afirma que o enclave palestiniano permanecerá sob o controlo do Hamas (no poder desde 2007), mas a percentagem desce para 37% na Faixa de Gaza (menos nove pontos que em julho).
Apesar destas quebras, o Hamas continua a reunir o maior apoio, em comparação com todas as outras fações palestinianas: 36% para o Hamas (era 40% em julho) e 21% para a Fatah (menos um ponto).
Na madrugada de 07 de outubro de 2023, militantes liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns. Cerca de 100 ainda estão em cativeiro em Gaza, um terço dos quais se acredita estar morto.
A ofensiva de retaliação de Israel matou mais de 41 mil palestinianos, segundo as autoridades de saúde locais, arrasou vastas áreas em Gaza e desalojou a grande maioria dos seus 2,3 milhões de habitantes.