Gaza. Pelo menos 200 crianças mortas em três dias de bombardeamentos israelitas

por RTP
Foto: Bashar Taleb - AFP

Desde que Israel estilhaçou o cessar-fogo com o Hamas, há três dias, que os bombardeamentos de Telavive já mataram pelo menos 200 crianças palestinianas, disse a porta-voz da Unicef em Gaza, Rosalia Paulin. As autoridades médicas reportaram que mais de 590 palestinianos foram mortos nestes últimos dias, porém o número de mortos continua a aumentar à medida que os ataques aéreos e terrestres se intensificam.

O ataque que despedaçou o frágil acordo de cessar-fogo aconteceu na calada da noite, na madrugada de terça-feira, sem qualquer aviso pelas autoridades israelitas, enquanto as pessoas deslocadas em Gaza dormiam.

Nos 100 ataques simultâneos, levados a cabo em toda a Faixa de Gaza, morreram mais de 400 pessoas nessa madrugada. Sucederam-se mais bombardeamentos desde então.

Na quarta-feira, o Ministério palestiniano da Saúde reportou que pelo menos 436 pessoas tinham sido mortas desde o retomar dos ataques.
Em três dias: quase 600 mortos, 200 são crianças
Nesse balanço foi explicado que entre as vítimas estavam pelo menos 183 crianças, 94 mulheres, 34 idosos e 125 homens. Para além de muitas mais pessoas presas debaixo dos escombros, registavam-se pelo menos 678 feridos, muitos em estado critico.

As autoridades palestinianas alegam que dois terços das pessoas que Israel já matou nos ataques em Gaza eram mulheres e crianças.

No mais recente balanço feito nesta sexta-feira, as autoridades de saúde em Gaza reportam que mais de 590 palestinianos foram mortos desde que a trégua foi quebrada.

Citada na Al Jazeera, Rosalia Paulin, porta-voz da Unicef em Gaza, alega que pelo menos 200 crianças foram mortas nestes últimos dias.
Famílias inteiras mortas
Mais uma vez famílias inteiras estão a ser dizimadas, argumenta Ramy Abdureen, presidente do Gabinete que Monitoriza os Direitos Humanos Euro-Mediterrânicos.

Abdureen revela que a casa da irmã foi bombardeada enquanto a família inteira dormia. Morreram Nesreen, o filho Ubaida, as filhas Omer e Layan, bem como a esposa de Ubaida, Malak e os seus filhos pequenos, Siwar e Mohammed.

Outro exemplo apontado pela cadeia de televisão é o de Majda Abu Aker e outras doze pessoas da sua família.  Foram todos mortos num dos ataques aéreos de Telavive. Majda era especialista em obstetrícia numa clínica da UNRWA em Rafah. Estava em casa no bairro de al-Jenaina com várias mulheres da família e os filhos. A mais nova era uma menina de três dias.

Em Khan Younis, no sul de Gaza, outra família perdeu duas crianças às mãos das bombas israelitas. Heba al-Hindi, a tia das crianças reportou o ataque. “Queridos filhos, que Deus tenha misericórdia de vocês e dê paciência à vossa mãe e ao vosso pai”, escreveu Heba.



O número de mortos continua a aumentar à medida que os ataques aéreos e terrestres israelitas se intensificam, afirmam as autoridades de Gaza.

A 3 de fevereiro, o gabinete de comunicação do Governo de Gaza atualizou o número de mortos para mais de 61.700, observando que milhares de palestinianos desaparecidos sob os escombros foram dados como mortos, neste ano e meio de confrontos.

Desde o fim das tréguas, os ataques israelitas atingiram várias áreas em toda a Faixa de Gaza, de norte a sul, incluindo Jabalia, Beit Hanoon, Cidade de Gaza, Nuseirat, Deir el-Balah, Khan Younis e Rafah. Áreas que estavam designadas como zonas humanitárias seguras, incluindo a área de al-Mawasi, também foram atacadas.

Nas últimas horas, foi reportado na Al Jazeera, que o Hospital da Amizade Turco-Palestina, no centro de Gaza, a única unidade de tratamento de cancro em Gaza, foi atingido e destruído pela máquina de guerra de Israel.
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