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Forças israelitas lançam grande operação na Cisjordânia

por Cristina Sambado - RTP
Jaafar Ashtiyehafp - AFP

Ataques israelitas na Cisjordânia ocupada mataram mais de uma dezena de pessoas, disse à AFP o porta-voz do Crescente Vermelho palestiniano, numa altura em que o exército israelita afirmava estar a levar a cabo uma “operação antiterrorista”.

O número exato de vítimas mortais ainda não é oficial, a BBC fala em 11 mortos, a agência AFP em 10 e a Reuters em nove.

Segundo a BBC, cinco palestinianos terão morrido num ataque aéreo no campo de refugiados de al-Far'a e os outros seis num ataque com um drone e em confrontos armados em Jenin.

As forças de segurança israelitas afirmaram que estavam a levar a cabo “uma operação antiterrorista para impedir o terror” em Jenin e Tulkarm.

Esta é uma grande operação israelita, com pelo menos quatro cidades palestinianas visadas ao mesmo tempo - Jenin, Tulkarm, Nablus e Tubas.

Segundo a AFP, que cita o Crescente Vermelho, há o registo de pelo menos 15 feridos.

As incursões israelitas nas zonas autónomas palestinianas são uma ocorrência diária na Cisjordânia. No entanto, é raro que sejam efetuadas simultaneamente em várias cidades, como aconteceu na noite de terça-feira.
Os confrontos com os militares israelitas na Cisjordânia aumentaram acentuadamente desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, à medida que Israel intensifica as operações contra grupos militantes armados, incluindo o Hamas, apoiado pelo Irão, e a Jihad Islâmica.
Esta é a primeira vez desde a segunda intifada - uma grande revolta palestiniana de 2000 a 2005 - que várias cidades palestinianas são visadas simultaneamente desta forma.

Segundo relatos palestinianos, as principais estradas de Jenin foram encerradas devido a confrontos armados no campo de refugiados da cidade. Um ataque aéreo israelita terá atingido um veículo numa aldeia próxima durante a madrugada.

As forças israelitas terão entrado num hospital em Jenin e bloqueado dois em Tulkarm. Os ataques militares israelitas a Nablus terão incidido sobre dois campos de refugiados.

No campo de Far'a, perto de Tubas, os médicos dizem que as ambulâncias estão a ter dificuldades em chegar aos feridos após um ataque de um drone israelita.

Desde o início da guerra entre Israel e a Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque sangrento do movimento islamita palestiniano Hamas contra Israel, a 7 de outubro, o exército israelita efetuou também vários ataques aéreos contra campos de refugiados e cidades do território palestiniano, ocupado por Israel desde 1967.As forças armadas israelitas deram poucos pormenores, mas afirmaram num comunicado que as IDF, a agência de segurança interna Shin Bet e as forças da polícia de fronteira de Israel estavam “atualmente a conduzir uma operação antiterrorista para impedir o terror em Jenin e Tulkarm”.

Na segunda-feira à noite, o exército israelita anunciou que tinha matado cinco palestinianos num ataque aéreo ao campo de refugiados de Nour Shams, em Tulkarem.

Esta quarta-feira, o exército israelita declarou ter “eliminado Jibril Jibril, implicado em atividades terroristas em Tulkarem e Qalqiliya, libertado em novembro no âmbito do acordo” de troca de reféns (raptados a 7 de outubro e levados para Gaza) por prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

As operações do exército israelita e os ataques dos colonos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental já provocaram a morte de mais de 650 palestinianos.
MNE israelita propõe saída temporária da população Nas últimas semanas, as operações israelitas na Cisjordânia concentraram-se no norte do território, onde os grupos armados que lutam contra Israel são particularmente ativos.

“O exército opera com todas as suas forças, desde ontem à noite, nos campos de refugiados de Jenin e Tulkarem, para desmantelar as infraestruturas terroristas iraniano-islamistas”, comentou, esta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz.

Segundo o governante, “temos de lidar com a ameaça tal como lidamos com as infraestruturas terroristas em Gaza, incluindo a retirada temporária dos residentes palestinianos e quaisquer outras medidas necessárias. Essa é uma guerra para todos e devemos vencê-la".

Na rede social X, acusou a República Islâmica do Irão de querer “estabelecer uma frente terrorista no Leste, na Judeia-Samaria”, nome bíblico da Cisjordânia utilizado pelos israelitas, “segundo o modelo de Gaza e do Líbano”, onde o Hezbollah, grande aliado de Teerão, dispara foguetes contra Israel quase diariamente desde o início da guerra na Faixa de Gaza.

"O Irão está a trabalhar para estabelecer uma frente terrorista oriental contra Israel na Cisjordânia, segundo o modelo já estabelecido em Gaza e no Líbano, financiando e armando terroristas e contrabandeando armas avançadas da Jordânia", acrescentou Katz.
Anexar a Cisjordânia
Na terça-feira à noite, o Hamas instou os três milhões de palestinianos da Cisjordânia a reagir a uma nova polémica lançada na véspera por Itamar Ben Gvir, um ministro israelita de extrema-direita que apela abertamente à anexação da Cisjordânia.

Ben Gvir suscitou a ira de muitas capitais árabes e da Organização de Cooperação Islâmica ao questionar a validade do status quo na Esplanada das Mesquitas Sagradas, em Jerusalém, afirmando que se via a construir ali uma sinagoga.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, mais de 650 palestinianos foram mortos na Cisjordânia pelo exército israelita ou por colonos, segundo os números oficiais palestinianos, e pelo menos 20 israelitas, incluindo soldados, em ataques palestinianos ou durante operações do exército na zona autónoma palestiniana, segundo os números oficiais israelitas.

A Jihad Islâmica, um movimento islamista palestiniano aliado do Hamas e particularmente forte nos campos de refugiados no norte da Cisjordânia, denunciou uma “guerra aberta do ocupante” Israel.

“Com esta agressão, que tem por objetivo transferir o peso do conflito para a Cisjordânia ocupada, o ocupante quer impor uma nova situação no terreno para anexar a Cisjordânia”, acusa a Jihad Islâmica em comunicado.

Por seu lado, o Hamas, cuja popularidade disparou na Cisjordânia desde o início da guerra em Gaza, enquanto a do seu rival, a Autoridade Palestiniana, caiu a pique, apela regularmente à Cisjordânia para que “se levante”.

c/agências
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