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Exército israelita matou cinco combatentes numa mesquita na Cisjordânia

por Cristina Sambado - RTP
Jaafar Ashtiyeh - AFP

As tropas israelitas afirmaram ter matado cinco militantes palestinianos numa mesquita da Cisjordânia, após "trocas de tiros durante operações antiterroristas em Tulkarm", informaram as Forças de Defesa de Israel (IDF).

Os cinco palestinianos mortos esta quinta-feira estavam no campo de Nour Chams, em Tulkarm, - um dos bastiões das milícias palestinianas no norte da Cisjordânia - onde um avião israelita já tinha matado cinco outros combatentes, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

Entre os cinco palestinianos mortos esta quinta-feira, estava, segundo a IDF, um dirigente da Jihad Islâmica palestiniana, Mohammed Jaber, conhecido como 'Abu Shujaa'.As IDF identificaram Jaber como o comandante da brigada da Jihad Islâmica em Tulkarm e alegaram que “esteve envolvido em numerosos ataques terroristas, incluindo o tiroteio em que o cidadão israelita Amnom Muchtar foi assassinado”.

No final de junho, as IDF tinham lançado três mísseis contra a casa de Jaber em Nur Shams, também na zona de Tulkarm, matando um familiar do dirigente da Jihad Islâmica.

Entretanto, a Jihad Islâmica confirmou a morte de "Abu Shujaa, comandante da brigada de Tulkarem das brigadas al-Quds", o braço armado da Jihad Islâmica, movimento islamista com forte presença nos campos de refugiados do norte da Cisjordânia, "morreu juntamente com vários irmãos da sua brigada, após uma batalha heroica contra os soldados da ocupação israelita", refere o grupo em comunicado.

A Jihad Islâmica afirma ainda que `Abu Shujaa` tinha no passado "escapado a tentativas de assassínio e de prisão" por parte das tropas israelitas, que nos últimos meses intensificaram as suas incursões em campos e cidades palestinianas nas zonas autónomas.

A agência de notícias palestiniana Wafa avançou que, durante a operação israelita, morreu Majed Majed Daoud, embora não tenha referido se o jovem de 21 anos era ou não um dos milicianos que estavam na mesquita com Jaber.
“Uma força especial israelita que se infiltrou no campo [de refugiados de Tulkarm] raptou o jovem Mohammed Qassas, depois de o ter ferido, alegando que era procurado”, acrescentou a Wafa.

As rádios palestinianas referiram que a detenção de Qassas foi levada a cabo por soldados que se infiltraram na cidade vestidos de civis.

A operação realizada esta manhã pelas IDF contou com o apoio da Polícia de Fronteiras de Israel e do serviço de informações interno, o Shin Bet.

“Durante a operação antiterrorista, um polícia fronteiriço ficou ligeiramente ferido” e foi levado para um hospital, referiram as IDF.

Os confrontos continuavam a verificar-se na manhã de quinta-feira em Jenin, que foi sobrevoada por um drone israelita, segundo um jornalista da AFP.

O Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana disse que um outro homem, Firas Bassam Alqama, de 35 anos, morreu esta quinta-feira em Jenin, também no norte da Cisjordânia, às mãos dos soldados israelitas.
Segundo dia da “operação antiterrorista”

Este é o segundo dia da “operação antiterrorista” do exército israelita em várias cidades e campos de refugiados no norte da Cisjordânia ocupada. Na quarta-feira, o exército israelita declarou ter “eliminado” nove combatentes palestinianos após ter lançado colunas de veículos blindados durante a noite sobre Jenin, Tulkarm, Toubas e os seus campos de refugiados, onde os grupos armados que lutam contra Israel são particularmente ativos.

O principal porta-voz da Autoridade Palestiniana, Nabil Abu Rudeineh, afirmou, quarta-feira, que a escalada das operações militares israelitas na Cisjordânia, enquanto decorre a guerra na Faixa de Gaza, “conduziria a resultados terríveis e perigosos”.
As incursões israelitas em zonas autónomas palestinianas são um acontecimento diário na Cisjordânia, território palestiniano ocupado pelo exército israelita desde 1967. No entanto, é raro que sejam efetuadas simultaneamente em várias cidades, como acontece desde quarta-feira.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque mortífero do movimento islamita contra Israel, a 7 de outubro, a violência tem aumentado na Cisjordânia.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, pelo menos 637 palestinianos foram mortos na Cisjordânia pelo exército israelita ou por colonos, segundo a ONU, e pelo menos 19 israelitas, incluindo soldados, em ataques palestinianos ou durante operações do exército na zona autónoma palestiniana, segundo dados oficiais israelitas.
Reunião de MNE da UE com Médio Oriente na agenda

O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, afirmou que o seu governo “está agora a trabalhar com os nossos amigos na Europa para impedir a adoção de resoluções contra Israel” na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, marcada para esta quinta-feira em Bruxelas.
“A mensagem que estamos a transmitir é clara: numa realidade em que Israel enfrenta as ameaças do Irão e das organizações terroristas que o representam, o mundo livre deve apoiar Israel e não agir contra ele”, escreveu no X.

O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, afirmou esta quinta-feira que iniciou o processo de perguntar aos Estados-Membros se querem impor sanções a “alguns ministros israelitas”.


“Iniciei o procedimento para perguntar aos Estados-Membros se consideram apropriado incluir na nossa lista de sanções alguns ministros israelitas que têm lançado mensagens inaceitáveis contra os palestinianos e proposto coisas que vão claramente contra o direito internacional”, disse Borrell aos jornalistas antes de uma reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em Bruxelas.
No entanto, Borrell não indicou o nome de nenhum dos ministros israelitas a quem se referia. 

Na quarta-feira, Josep Borrell já tinha partilhado no X a sua preocupação com as “violações repetidas” de locais religiosos islâmicos por parte de Israel, incluindo pelo ministro israelita Itamar Ben-Gvir (extrema-direita), que apregoa a profanação desses lugares.
Partilho as preocupações de Ayman Safadi [vice-primeiro-ministro da Jordânia] sobre as violações repetidas do ‘status quo’ dos locais religiosos, que estão sob contínua ameaça, incluindo por parte do ministro Ben-Gvir [que tem a pasta da Segurança Nacional de Israel desde 2022]”, disse o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell. Josep Borrell acrescentou que as críticas apontadas pelo Governo da Jordânia a Israel “são legítimas e têm de ser abordadas pela comunidade internacional”.

c/agências
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