Estados Unidos com plano para atacar alvos iranianos na Síria e no Iraque
As autoridades norte-americanas aprovaram planos para uma série de ataques a alvos - incluindo pessoal e instalações iranianas - na Síria e no Iraque. É a resposta aos ataques contra as forças norte-americanas na região, incluindo o ataque com drones no domingo que matou três militares dos EUA na base da Torre 22 na Jordânia, perto da fronteira com a Síria.
O presidente Joe Biden afirmou na terça-feira que tinha decidido como responder a um ataque de drones no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria, esta semana, que matou três militares americanos e feriu mais de 40. Os EUA atribuíram o ataque a militantes apoiados pelo Irão.O secretário da Defesa, Lloyd Austin, afirmou na quinta-feira aos jornalistas que os EUA não vão tolerar ataques às tropas americanas.
"Este é um momento perigoso no Médio Oriente", disse Austin, referindo que a guerra em curso de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e os ataques dos rebeldes Houthi no Iémen contra a navegação comercial no Mar Vermelho também estão a acontecer na região.
Para o secretário da Defesa, este é o momento de desativar “ainda mais” as milícias apoiadas pelo Irão que atacaram forças e navios dos Estados Unidos no Médio Oriente.
"Continuaremos a trabalhar para evitar um conflito mais alargado na região, mas tomaremos todas as medidas necessárias para defender os Estados Unidos, os nossos interesses e o nosso povo, e responderemos quando escolhermos, onde escolhermos e como escolhermos", realçou.
"Penso que todos reconhecem o desafio associado a garantir que responsabilizamos as pessoas certas", afirmou, acrescentando que não existe uma "fórmula definida para o fazer".
Os três soldados que morreram no passado domingo foram identificados como William Jerome Rivers, 46 anos, Kennedy Ladon Sanders, 24 anos, e Breonna Alexsondria Moffett, 23 anos. Os três faziam parte de uma unidade de reserva do exército sediada em Fort Moore, na Geórgia.
"Há formas de gerir a situação para que não fique fora de controlo. E tem sido esse o nosso objetivo", continuou o secretário norte-americano da Defesa, na primeira conferência de imprensa desde que foi hospitalizado a 1 de janeiro devido a complicações do tratamento do cancro da próstata.
Austin acrescentou ainda que os EUA estavam a tentar "responsabilizar as pessoas certas" sem aumentar o conflito na região.
"Teremos uma resposta em vários níveis e (...) temos a capacidade de responder várias vezes, dependendo da situação”.
Citando fontes não identificadas, a Reuters noticiou na quinta-feira que o Irão tinha retirado altos funcionários da Síria na sequência de uma série de ataques aéreos israelitas, numa tentativa de evitar ser diretamente envolvido num conflito mais vasto na região.Os corpos dos três soldados americanos mortos no ataque na Jordânia deverão ser repatriados para uma base da Força Aérea do Delaware ainda esta sexta-feira. A Casa Branca anunciou que o presidente Biden estará presente.
A análise à origem e o modelo do drone usado no ataque de domingo ainda está a decorrer. Embora as indicações iniciais fossem de que o drone era provavelmente iraniano, uma avaliação formal só foi feita recentemente após a recuperação de fragmentos.
Lloyd Austin, questionado sobre o assunto, não confirmou a origem do drone que atingiu a Torre 22, uma base secreta no nordeste da Jordânia que tem sido crucial para a presença norte-americana na vizinha Síria.
"Ainda estamos a fazer a perícia", disse Austin. "Mas a maioria dos drones que estão na região têm uma ligação com o Irão”.
“Não creio que os adversários tenham uma mentalidade de ‘um e pronto’. Por isso, têm muita capacidade. Mas os Estados Unidos têm muito mais. Vamos fazer o que for necessário para proteger as nossas tropas", avisou Austin.
Austin disse que não sabia se o Irão sabia do ataque com antecedência, mas acrescentou que, na sua opinião, isso não importava.
"O quanto o Irão sabia ou não sabia, não sabemos. Mas, na realidade, não importa, porque o Irão patrocina estes grupos, financia estes grupos e, em alguns casos, treina estes grupos com armas avançadas e convencionais", disse.
O Kataib Hezbollah, uma milícia pró-iraniana baseada no Iraque, revelou na terça-feira que estava a suspender as ações militares contra os Estados Unidos para evitar embaraçar o Governo de Bagdade.
Já as autoridades iranianas frisaram que Teerão responderá a qualquer ameaça dos Estados Unidos. O enviado do Irão aos EUA disse que o seu país responderia de forma decisiva a qualquer ataque ao seu território, aos seus interesses ou a cidadãos iranianos fora das suas fronteiras.
O principal diplomata de Biden, o secretário de Estado Antony Blinken, afirmou na segunda-feira que a resposta dos EUA "poderia ser multinível, vir em etapas e ser sustentada ao longo do tempo".
O ataque de domingo com drones foi o primeiro ataque mortal contra as forças dos EUA desde que a guerra Israel-Hamas eclodiu em outubro e marcou uma escalada nas tensões que envolvem o Médio Oriente.Os funcionários dos EUA ponderaram como punir as milícias apoiadas pelo Irão sem desencadear uma guerra mais ampla.
Vários grupos apoiados pelo Irão aumentaram os ataques contra entidades ligadas aos EUA e a Israel desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro.
Os Houthis, apoiados pelo Irão no Iémen, por exemplo, têm multiplicado os ataques a navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, o que levou os EUA e aliados a contra-atacarem.
Um oficial da defesa dos EUA disse à CBS que um drone foi abatido na madrugada de quinta-feira no Golfo de Aden, enquanto um marítimo não tripulado foi atingido e destruído no Mar Vermelho.
Dois mísseis balísticos antinavio foram lançados de áreas controladas pelos Houthis, no Iémen, na tarde de quinta-feira, enquanto um cargueiro de bandeira liberiana se encontrava no Mar Vermelho, informou o Comando Central. Os mísseis caíram na água e não atingiram o navio.
c/ agências internacionais