Os correspondentes da cadeia de televisão Al Jazeera, Ismail al-Ghoul e o repórter de imagem, Rami al-Refee, foram mortos num ataque israelita, na cidade de Gaza.
Ismail e Rami usavam coletes com a indicação de “imprensa” (Press) e o carro onde viajavam estava identificado como veículo de reportagem.
Os repórteres foram atingidos depois de terminarem a cobertura, diz a cadeia de televisão Al Jazeera. Depois do trabalho no campo de al-Shati, seguiram em direção do Hospital Batista, "precisamente após as forças israelitas terem solicitado para deixarem a área".
Durante a viagem “foram atacados do ar por Israel. O ataque aéreo ao carro deles foi direto e deixou Ismail e Rami decapitados”, reporta a estação.
Ismail al-Ghoul. Correspondente em Gaza | Al Jazeera
“Ismail estava a transmitir o sofrimento dos palestinianos deslocados e o sofrimento dos feridos e os massacres cometidos pela ocupação [israelita] contra o povo inocente em Gaza”, declarou Anas al-Sharif, da Al Jazeera, que também está em Gaza.
Anas fazia reportagem no hospital para onde os corpos dos seus dois colegas foram levados.
“A sensação – não há palavras que possam descrever o que aconteceu”, lamenta al-Sharif.
“A sensação – não há palavras que possam descrever o que aconteceu”, lamenta al-Sharif.
“Sem Ismail, e o Rami, o mundo não teria visto as imagens devastadoras desses massacres”, escreveu Mohamed Moawad, editor-chefe da cadeia de televisão Al Jazeera Árabe, acrescentando que al-Ghoul “cobriu implacavelmente os eventos e transmitiu a realidade de Gaza ao mundo por meio da Al Jazeera”.
Pelo menos 111 jornalistas mortos nos últimos 10 meses
Com estas duas mortes, houve um total de quatro jornalistas da Al Jazeera mortos em Gaza, nestes dez meses.
De acordo com números preliminares do Comité para a Proteção de Jornalistas (CPJ), pelo menos 111 jornalistas e profissionais dos media estão entre os mortos, desde 7 de outubro.
O gabinete de comunicação social do governo de Gaza estima que pelo menos há 165 jornalistas palestinianos mortos, desde o início da guerra.
O gabinete de comunicação social do governo de Gaza estima que pelo menos há 165 jornalistas palestinianos mortos, desde o início da guerra.
Jodie Ginsberg, presidente do CPJ, sublinha que o assassinato de al-Ghoul e al-Refee é o exemplo mais recente dos riscos de documentar a guerra em Gaza. Ginsberg alerta ainda para o padrão das mortes de jornalistas que “parece ser parte de uma estratégia [israelita] mais ampla que visa sufocar as informações que saem de Gaza”.
“A voz de Ismail foi agora silenciada, e não há mais necessidade de gritar ao mundo que este repórter cumpriu a sua missão para o seu povo e sua terra natal”, disse Moawad. “Que vergonha para aqueles que falharam com os civis, jornalistas e a humanidade”, rematou.
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