"Crime de guerra". Ataque israelita no sul do Líbano mata três jornalistas

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Mohamed Azakir - Reuters

Um ataque aéreo israelita na madrugada desta sexta-feira matou pelo menos três jornalistas que se encontravam hospedados numa pensão em Hasbaya, no sul do Líbano, segundo os meios de comunicação deste país. O ministro libanês da Informação, Ziad Makary, denuncia um "crime de guerra" do "inimigo israelita" que visou deliberadamente a comunicação social. Após o alerta dos EUA sobre a possibilidade de uma campanha "prolongada" no Líbano, Israel bombardeia Beirute.

Pelo menos três profissionais da comunicação social morreram esta madrugada em Hasbaya, no sul do Líbano, segundo a agência noticiosa libanesa. Entre as vítimas estavam o repórter de imagem Ghassan Najjar, o engenheiro de emissão Mohammad Reda, que trabalhavam para o canal de televisão libanês pró-iraniano Al-Mayadeen, assim como um outro repórter de imagem, Wissam Qassem, do canal de televisão do Hezbollah Al-Manar, de acordo com o Al-Mayadeen.

“A ocupação visou deliberadamente a residência de jornalistas e outros jornalistas de outros canais árabes ficaram feridos" declarou o diretor do Al-Mayadeen, Ghassan Ben Jeddou, na conta X do canal. “Consideramos a ocupação totalmente responsável por este crime de guerra", acrescentou. 


Também o ministro libanês da Informação, Ziad Makary, acusou Telavive de visar deliberadamente a imprensa libanesa num ataque no sul de país. 

"O inimigo israelita esperou que os jornalistas fizessem uma pausa durante a noite para os apanhar a dormir (...). Foi um assassínio, após vigilância e rastreio, porque estavam lá dezoito jornalistas que representavam sete instituições de comunicação social. Isto é um crime de guerra", afirmou Ziad Makary numa mensagem na rede social X.



No local do ataque, em Hasbaya, encontravam-se jornalistas de outros órgãos de comunicação social, incluindo da emissora libanesa Al-Jadeed, Sky News Arabic e Al Jazeera English, segundo a Agence France Presse.

O ataque noturno à residência acontece vinte e quatro horas depois de um ataque de Israel ter atingido um escritório do canal de televisão da Al-Mayadeen nos subúrbios do sul da capital libanesa, matando uma pessoa e ferindo cinco, de acordo com o Ministério libanês da Saúde.

Segundo um inquérito preliminar do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), até 23 de outubro, pelo menos 128 jornalistas e profissionais de grupos de comunicação social tinham sido mortos desde o início da guerra de Gaza.
Baixas militares israelitas no sul do Líbano
Numa altura em que Israel prossegue com a ofensiva no Líbano, o exército israelita declarou que cinco soldados foram mortos e dois outros ficaram gravemente feridos em combates no sul do país. 

Os soldados "caíram durante um combate no sul do Líbano" na quinta-feira, declarou o exército, elevando o número total de soldados israelitas mortos no Líbano para 32 desde o início da operação terrestre a 30 de setembro. 

Um mês após o ataque militar de Israel contra o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken disse esperar que o Irão esteja a receber uma mensagem clara de que quaisquer novos ataques a Israel colocam em risco os seus próprios interesses.

No último dia da sua visita ao Médio Oriente, em Doha, Antony Blinken alertou para a possibilidade de uma campanha “prolongada” no Líbano e afirmou que os EUA estão a trabalhar para avançar as negociações de cessar-fogo em Gaza e no Líbano e um acordo de reféns em Gaza.

"À medida que Israel conduz operações para eliminar a ameaça a Israel e ao seu povo ao longo da fronteira com o Líbano, temos sido muito claros quanto ao facto de isto não poder conduzir, não dever conduzir, a uma campanha prolongada", disse Blinken.
Convesações sobre plano de pós-guerra para Gaza

O secretário de Estado norte-americano deverá encontrar-se com o primeiro-ministro libanês Najib Mikati esta sexta-feira em Londres, bem como com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos, dois dos principais parceiros dos EUA num plano de pós-guerra para Gaza, segundo o departamento de Estado dos EUA.

Nas últimas horas, o exército israelita lançou ataques aéreos em toda a Faixa de Gaza, tendo um dos últimos ataques matado pelo menos 33 palestinianos, incluindo 14 crianças, em Khan Younis.

c/ agências
PUB