Conselho de Segurança da ONU pede cessar-fogo imediato durante Ramadão
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje uma resolução que apela à cessação imediata das hostilidades no Sudão durante o período do Ramadão, que começa no domingo.
A resolução, da autoria do Reino Unido - país titular do dossiê sobre o Sudão -, recebeu 14 votos a favor e a abstenção da Rússia.
"Com a adoção desta resolução, o Conselho de Segurança envia uma mensagem forte e clara às Forças Armadas sudanesas e às Forças de Apoio Rápido [RSF, na sigla em inglês] para que concordem com uma cessação imediata das hostilidades durante o Ramadão. (...) Instamos ambas as parte a agirem pela paz e a silenciarem as armas", urgiu o vice-embaixador britânico James Kariuki no final da votação.
Além de apelar a todas as partes para a cessação imediata das hostilidades durante o Ramadão, o texto agora aprovado pede também aos beligerantes para que permitam o "acesso humanitário completo, rápido, seguro e sem entraves, inclusive através das fronteiras e através das linhas de frente".
Embora os membros do Conselho partilhem preocupações sobre os efeitos devastadores do conflito em curso no Sudão, têm opiniões divergentes sobre os instrumentos que o Conselho deve utilizar para resolver a situação
Durante as negociações, a Rússia, que acabou por se abster na votação de hoje, manifestou reservas quanto à necessidade de uma resolução do Conselho e propôs um projeto de declaração presidencial como alternativa.
Na quinta-feira, durante uma reunião do Conselho, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia lançado um apelo a "todas as partes presentes no Sudão para honrarem os valores do Ramadão, cessando as hostilidades durante toda a sua duração".
"Esta cessação das hostilidades deve conduzir a um silenciamento permanente das armas em todo o país e estabelecer um caminho firme em direção a uma paz duradoura para o povo do Sudão", disse Guterres na ocasião.
Os combates, que decorrem desde 15 de abril de 2023 entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhane e as forças paramilitares do general Mohammed Hamdane Daglo, antigo segundo comandante das forças armadas, causaram milhares de mortos nesta nação onde a grande maioria é muçulmana.
"A crise humanitária no Sudão é de proporções colossais. Metade da população - cerca de 25 milhões de pessoas - precisa de ajuda humanitária para sobreviver. Mais de 14.000 pessoas foram mortas, um número que é provavelmente muito mais elevado na realidade", sublinhou António Guterres na quinta-feira.
Cerca de 18 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar aguda: "Este é o número mais elevado alguma vez registado durante a época das colheitas, e os números deverão aumentar ainda mais nos próximos meses", alertou.
"Já estamos a receber relatos de crianças que estão a morrer de subnutrição", afirmou ainda.