Comandante do Hezbollah morto em ataque cirúrgico Israelita

por RTP
O local atingido por um ataque de precisão israelita Mohamed Azakir - Reuters

Um bombardeamento israelita "seletivo", esta tarde, de um subúrbio de Beirute, matou Ibrahim Aqil quando o comandante do Hezbollah se encontrava reunido com outros membros do grupo de elite al-Radwan.

Aqil era um dos principais comandantes do Hezbollah. A sua morte foi confirmada pouco depois por uma fonte próxima do grupo libanês pró-iraniano à Agência France Presse, AFP e por elementos da segurança à agência Reuters.

"O ataque israelita teve como alvo o chefe da força Al-Radwan, Ibrahim Aqil, que foi morto", disse a fonte, não identificada, citada pela AFP.

Uma hora depois do ataque, em comunicado, as Forças de Defesa de Israel, IDF, confirmaram autoria e resultado da operação.

"Sob a direção precisa da Divisão de Inteligência, os caças da força aérea atacaram a área de Beirute e mataram Ibrahim Aqil, o chefe de operações da organização terrorista Hezbollah", indica.

O porta-voz das IDF, Daniel Hagari, acrescentou que "uma dezena" de comandantes de topo da força de elite al-Radwan, morreram no ataque.

"Esta eliminação pretende proteger os cidadãos de Israel", afirmou o porta-voz, numa breve declaração aos jornalistas, sublinhando que Israel não procura uma escalada regional do conflito.

Ibrahim Aqil e a unidade de al-Radwan estavam a planear atacar e ocupar o norte de Israel, revelou Hagari.

Pretendiam "assassinar e matar inocentes", acrescentou, comparando os planos ao ataque do Hamas no sul de Israel a 7 de outubro de 2023.

Hagari sublinhou que as IDF irão "continuar a agir para fragilizar" o Hezbollah.

A mesma mensagem foi enviada pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, na rede X, prometendo manter a pressão.

"A sequência de ações nesta nova fase irá continuar até o nosso objetivo ser atingido: o regresso seguro dos residentes do norte às suas casas", escreveu Gallant. Desde outubro de 2023, que cerca de 60.000 israelitas permanecem deslocados das comunidades próximas da fronteira com o Líbano.
Dois edifícios atingidos
O Ministério da Saúde do Líbano anunciou de início que o ataque fez pelo menos nove mortos e 59 feridos, revendo depois o número das vítimas para 12 mortos e 66 feridos, vários dos quais em estado grave.

As equipas da Defesa Civil libanesa estão a procurar sobreviventes nos escombros resultantes do ataque que atingiu dois edifícios.

"Na sequência do desmoronamento de dois edifícios residenciais na zona de Jamous, nos subúrbios do sul de Beirute, em consequência do ataque israelita, equipas especializadas de busca e salvamento da Direção-Geral da Defesa Civil dirigiram-se para o local a partir de vários centros", declarou a organização na sua conta no X.

O local do ataque fica nos subúrbios do sul de Beirute, conhecidos como Dahye, um importante reduto do grupo xiita Hezbollah.

Uma coluna de fumo negro ergueu-se sobre a área logo após se ter ouvido o som de uma forte explosão, indicaram residentes.

As ruas imediatamente vizinhas do local atingido foram bloqueadas por membros de Hezbollah, impedindo jornalistas de se aproximarem. A tensão tornou-se "palpável", afirmou o correspondente da BBC.
Aviso aos norte-americanos
A Casa Branca reagiu, dizendo não ter sido previamente afirmada das operações israelitas em Beirute esta sexta-feira. 

O porta-voz para a Segurança Nacional, John Kirby, garantiu aos reporteres que não iria comentar os ataques mas reiterou que a Administração Biden está a fazer tudo para evitar uma escalada da violência na região.

Kirby acrescentou que os norte-americanos estão a ser fortemente aconselhados a não viajarem para o Líbano ou a abandonarem o país o mais depressa possível.

Do lado israelita, fontes ligadas ao executivo anunciaram que a deslocação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aos Estados Unidos foi adiada por uma devido à situação securitária no norte do país.

A viagem de Netanyahu estava inicialmente prevista para 24 de setembro, visando participar no debate anual da Assembleia Geral da ONU.
Guerra no horizonte

O dia começou no Líbano com vários caças israelitas a sobrevoarem o país e a capital a baixa altitude, durante cerca de uma hora, efetuando manobras até mesmo acima dos bairros cristãos de Beirute, geralmente considerados uma zona segura.

Esta tática de intimidação não é nova, e muitas vezes o aparelhos ultrapassam a velocidade do som, provocando o que parecem explosões. Esta sexta-feira os voos agravaram a tensão dos habitantes, num quadro de agravamento da retórica e das operações militares entre Israel e o Hezbollah.

A sensação de guerra no horizonte é cada vez mais forte.


Durante a manhã, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que o Hezbollah havia disparado 140 morteiros contra Rosh Pina, no norte de Israel, tendo sido interceptados "alguns" dos mísseis. A maioria caiu dentro da "zona de evacuação", sem praticamente fazer vítimas ou estragos significativos exceto em estradas.

O Hezbollah confirmou o ataque a "alvos militares" em Israel. Um aldeia no sul do Líbano terá sido atacada no que parece ter sido troca de tiros fronteiriços.

O nível de violência entre o Hezbollah e Israel agravou-se esta semana depois de uma série de explosões de dispositivos de comunicação, usados para coordenar as ações dos membros do grupo, terem feito mais de 30 mortos e pelo menos 3.000 feridos, terça e quarta-feira.

O ataque desta sexta-feira é mais um golpe contra a guerrilha pró-iraniana. A embaixada do Irão em Beirute já condenou a "loucura" de Israel. O grupo islamita palestiniano de Gaza, Hamas, condenou também o ataque.

Em resposta ao "bombardeamento seletivo" realizado horas antes pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), a milícia xiita libanesa efetuou novos ataques contra posições militares israelitas no norte do país.

Segundo o canal Al Manar, ligado ao Hezbollah, os ataques foram efetuados com foguetes `Katyusha` contra o quartel-general da unidade de controlo aéreo e o departamento de operações aéreas das Forças de Defesa de Israel (FDI), situado a menos de dez quilómetros da fronteira libanesa.

O Hezbollah indicou ainda ter realizado um novo ataque contra a sede do principal serviço de informações de Israel no norte do país, também situado a apenas dez quilómetros do Líbano. 

O exército israelita prevê que os ataques do Hezbollah aumentem nas próximas horas
Quem era Aqil
Aqil, também conhecido como Tahsin, era um dos principais comandantes do Hezbollah. O departamento de Justiça dos EUA refere na sua página que fazia parte do Concelho da Jihad, o mais alto comando militar da guerrilha libanesa.
 
Em 1983 integrrou o grupo que orquestrou os bombardeamentos da Embaixada dos EUA em Beirute e de uma base de marines. Os ataques mataram 63 e 307 pessoas, respetivamente

Em 2019, os Estados Unidos designaram-no como terrorista. O ano passado o Departamento de Estado norte-americano oferecia sete milhões de dólares por informações que levassem à sua indentificação, paradeiro, detenção ou condenação.
 Fonte: Departamento Estado dos EUA via Reuters

As IDF lembraram esta sexta-feira que Aqil era o chefe de operações militares do Hezbollah desde 2024, tendo sido responsável pelo "ataque terrorista" ao cruzamento de Megido em 2023, entre outros.

A morte de Aqil é a terceira do género, em ataques a Beirute, só em 2024.

Em julho, um bombardemaneto israelita matou o líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr.

Em janeiro, o vice-diretor do gabinete político do Hamas, Saleh al-Arouri, morreu em circunstâncias semelhantes.

(com agências)
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