Borrell pede investigação independente a ataque israelita a escola em Gaza
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu esta quinta-feira uma investigação independente ao ataque israelita contra uma escola da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) no centro de Gaza.
"As informações vindas de Gaza mostram repetidamente que a violência e o sofrimento continuam a ser a única realidade para centenas de milhares de civis inocentes", frisou Borrell, na rede social X.
O diplomata espanhol acrescentou que a "terrível notícia deve ser investigada de forma independente, de acordo com a última ordem do Tribunal Internacional de Justiça".
"Um cessar-fogo duradouro é a única forma de proteger os civis e conseguir a libertação imediata de todos os reféns. Ambos os lados devem agora chegar a acordo sobre o plano trifásico dos Estados Unidos", acrescentou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
O Exército israelita confirmou o bombardeamento esta quarta-feira à noite da escola e argumentou que esta albergava no seu interior "terroristas do Hamas", incluindo membros das forças do grupo islamita palestiniano que levaram a cabo os ataques em território israelita de 07 de outubro de 2023.
As forças israelitas divulgaram mais tarde os nomes de nove altos responsáveis do Hamas e Jihad Islâmica que alegadamente foram mortos no ataque de quarta-feira à noite.
"Alguns destes terroristas participaram no ataque de 07 de outubro e planeavam ataques iminentes a partir daquela escola da UNRWA", frisou Daniel Hagari, o principal porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), durante numa videoconferência.
Daniel Hagari insistiu que o ataque foi dirigido apenas "contra três salas" desta escola, onde, denunciou, estavam entre 20 e 30 milicianos escondidos.
Estes elementos do Hamas e Jihad Islâmica utilizavam o complexo como uma "base operacional avançada para lançar ataques contra as forças israelitas".
O Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, localizado em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, reviu esta quinta-feira à noite o número de mulheres e crianças entre os mortos no ataque, apontando para três mulheres, nove crianças e 21 homens, noticiou a agência Associated Press (AP).
Antes, tinha adiantado que nove mulheres e 14 crianças estavam entre as 33 pessoas mortas no ataque.
O comissário da UNRWA, Philippe Lazzarini, lamentou esta quinta-feira, através da rede social X, que o ataque israelita à escola em Nuiserat tenha ocorrido "sem aviso prévio".
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há oito meses, mais de 180 edifícios da UNRWA, na sua maioria escolas convertidas em abrigos, foram atacados.
"O resultado foi a morte de mais de 450 pessoas deslocadas nessas instalações", revelou a organização, num comunicado.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do movimento islamita Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou mais de duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.
A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária no enclave palestiniano, de acordo com as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, que controla o território desde 2007.