Borrell apela a cessar-fogo. Hezbollah reivindica ataque em Telavive e no sul de Israel

por Inês Moreira Santos - RTP
Mohamed Azakir - Reuters

O Hezbollah reivindicou este domingo um ataque com de mísseis e drones contra um alvo militar em Telavive e o sul de Israel. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou este domingo em Beirute a um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o grupo xiita libanês.

Os combatentes do grupo xiita libanês lançaram “uma salva de mísseis” na “base Glilot”, sede da Unidade de Inteligência Militar 8200, “nos arredores de Telavive”. Citando uma “operação complexa”, o movimento pró-iraniano afirmou ter disparado contra um alvo militar israelita.

Numa outra declaração o Hezbollah acrescentou que que usou também “drones explosivos” contra uma base naval em Ashdod, no sul de Israel.

Já o exército libanês informou que um soldado foi morto e outros 18 ficaram feridos, alguns com gravidade, num ataque israelita contra o sul do Líbano.

“O ataque do inimigo israelita teve como alvo um centro militar na cidade de al-Amiriyeh, que sofreu danos significativos”, indicou, em comunicado.

Após um ano de trocas de tiros na região transfronteiriça, Israel entrou em guerra aberta contra o Hezbollah em 23 de setembro, lançando uma intensa campanha de bombardeamentos no Líbano. Desde 1 de outubro, forças terrestres israelitas entraram no sul do Líbano, onde este conflito já matou mais de 3.500 pessoas e deixou acima de 1,2 milhões de deslocados, segundo as autoridades de Beirute. Chefe da diplomacia da UE apela em Beirute para cessar-fogo
Um dia depois de novos bombardeamentos israelitas no Líbano, o chefe da diplomacia europeia apelou em Beirute para um “cessar-fogo imediato” entre Israel e o Hezbollah no Líbano. Um dia depois de novos bombardeamentos israelitas no Líbano.

“Só vemos uma via possível: um cessar-fogo imediato e a aplicação integral da Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse Josep Borrell, que está de visita à capital libanesa, referindo-se à resolução que pôs fim à anterior guerra entre Israel e o movimento libanês em 2006.

“Devemos pressionar o governo israelita e manter a pressão sobre o Hezbollah para que aceite a proposta de cessar-fogo dos EUA”, acrescentou.

O também vice-presidente da Comissão Europeia disse que o Líbano está “à beira do colapso” e apelou à pressão sobre Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah para que aceitem a última proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos.

“Estamos a aguardar uma resposta concreta e definitiva do Governo israelita. Esperamos que isso seja possível com a participação dos Estados Unidos e da França”, afirmou, citado pela agência espanhola Europa Press.

A proposta de 13 pontos, que apela a uma trégua de 60 dias e à retirada do exército no sul do Líbano, foi discutida pelo enviado dos Estados Unidos Amos Hochstein, que viajou no início desta semana entre o Líbano e Israel. Mas não houve qualquer resultado anunciado e o ritmo dos ataques israelitas, principalmente contra redutos do Hezbollah no Líbano, acelerou após a missão.

Hochstein está empenhado há várias semanas em esforços de mediação para tentar levar as partes a um acordo de cessar-fogo, após mais de um ano de combates.

"Em Setembro, vim e ainda esperava que pudéssemos evitar uma guerra aberta de Israel contra o Líbano. Dois meses depois, o Líbano está à beira do colapso"
, lamentou Borrell.

O Governo libanês informou, nas últimas horas, Washington que aceitava a última proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo. Borrell pediu aos deputados libaneses que assumissem “a sua responsabilidade política” e elegesse um presidente para pôr fim ao vazio de poder no Líbano.

Destacou igualmente o papel da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), recordando os quatro “capacetes azuis” feridos há alguns dias.

Borrell fez os apelos enquanto o Hezbollah anunciava hoje novos ataques contra Israel e o exército do Líbano dava conta de um ataque israelita que matou um soldado e feriu 18.

O Hezbollah começou a atacar o norte de Israel em apoio ao Hamas quando Israel iniciou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza em agosto de 2023, em resposta a um ataque do grupo extremista palestriniano em solo israelita. Israel intensificou os bombardeamentos contra o sul do Líbano no final de setembro e lançou uma nova ofensiva terrestre contra o país vizinho.

Mais de um ano de troca de tiros entre Israel e o Hezbollah matou mais de 3.500 pessoas no Líbano, segundo as autoridades libanesas. Israel calcula que cerca de 2.500 eram milicianos do grupo xiita pró-iraniano.
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