Blinken teme "metástases" enquanto Israel avisa que guerra pode durar um ano

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Evelyn Hockstein - Reuters

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está de regresso ao Médio Oriente para reforçar os esforços de paz, após alertar que a guerra em Gaza corre o risco de se espalhar pela região. Israel, por sua vez, afirmou que não está a lutar contra "um inimigo único" e avisou que os combates na Faixa de Gaza irão prolongar-se durante este ano.

Pela quarta vez em três meses, o secretário de Estado dos Estados Unidos viajou para o Médio Oriente com o objetivo de dar continuidade aos esforços de paz e evitar uma guerra mais ampla na região. Antony Blinken manterá conversações nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita esta segunda-feira, antes de seguir para Israel.

Durante uma conferência de imprensa em Doha, Catar, no domingo, Blinken avisou que “este é um momento de profunda tensão na região” e que o conflito “pode facilmente metastizar, causando ainda mais insegurança e ainda mais sofrimento”.

Depois destas palavras de Blinken, autoridades israelitas avisaram que os combates na Faixa de Gaza podem durar um ano, ampliando o receio de uma guerra regional.

O almirante Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), disse que o centro e o sul de Gaza, onde os esforços militares estão agora concentrados, estão “saturados de terroristas” com “uma cidade subterrânea de ramificações túneis”.

Hagari avisa, por isso, que serão necessários pelo menos três meses para “limpar a área” e que os combates “continuarão durante o ano de 2024”.

O major-general Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar israelita, avisou que será necessário um ano para desmantelar o Hamas. “Não é a guerra dos seis dias. O cronograma é longo”, afirmou.
"A guerra não deve ser interrompida até que alcancemos todos os objetivos"
O ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, disse que a intensidade da ofensiva em Gaza sinalizou a determinação do seu país em destruir o grupo Hamas e dissuadir outros potenciais adversários apoiados pelo Irão, incluindo o Hezbollah, no Líbano.

“Estamos a lutar contra um eixo, não contra um único inimigo”, disse Gallant ao Wall Street Journal, alertando que “o Irão está a construir poder militar em torno de Israel para o utilizar”.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, também reiterou que o conflito só termina com a vitória total de Israel.

"A guerra não deve ser interrompida até que alcancemos todos os objetivos: a eliminação do Hamas, o regresso de todos os nossos reféns e a garantia de que Gaza não representará mais uma ameaça para Israel", disse Netanyahu no domingo.
Três meses de guerra e dezenas de milhares de mortos
Três meses após o ataque do Hamas em Israel, os palestinianos somam já perto de 23 mil mortos. Só no fim de semana, pelo menos 225 palestinianos foram mortos em ataques israelitas na Faixa de Gaza. 

As forças israelitas atacaram alvos na cidade de Gaza, na zona rural de Jabalia, em Tal Az Zatar e Beit Laia e os relatórios indicam que houve um grande número de vítimas mortais, principalmente no primeiro local.

Para além do elevado número de mortos, mais de 90% da população de Gaza está deslocada a sul do enclave. 

Antony Blinken avisou que os palestinianos “não podem nem devem ser pressionados a deixar Gaza” e devem ser autorizados a regressar às suas casas assim que as condições o permitirem.

c/ agências
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