Ativistas estrangeiros dizem ter sido feridos na Cisjordânia ocupada

por Lusa

Vários ativistas estrangeiros da causa palestiniana afirmaram hoje ter sido feridos por colonos israelitas em terrenos agrícolas de Qusra, uma aldeia no norte da Cisjordânia ocupada.

No hospital de al-Rafidia, em Nablus, pelo menos três pessoas, duas mulheres e um homem, foram tratados por enfermeiros, apresentando grandes hematomas, observou no local um jornalista da agência noticiosa AFP.

Os voluntários acompanhavam os palestinianos a olivais próximos de colonatos israelitas e segundo uma das ativistas, uma norte-americana conhecida pela alcunha Vivi relatou que ter sido atacada com "paus enormes".

"Atacaram-nos sem qualquer motivo", continuou, afirmando que o exército israelita no local não interveio.

"Estavam armados com tubos de metal e paus de madeira e procuravam uma luta", acrescentou David Hummel, um membro alemão do Movimento de Solidariedade Internacional (ISM), que referiu ter ficado ferido no maxilar e sentia dores nas pernas e nos braços.

O exército israelita e o Cogat, o organismo do Ministério da Defesa israelita que supervisiona os assuntos civis nos Territórios Palestinianos Ocupados não comentaram ainda as denúncias.

Hani Odeh, presidente da Câmara de Qusra, confirmou os factos à AFP, acrescentando que os militantes tinham acompanhado os agricultores a campos "recentemente incendiados" pelos colonos.

O autarca enumerou "quatro feridos" e disse que os atacantes tinham vindo do colonato vizinho de Esh Kodesh. Segundo a mesma fonte, os soldados chegaram rapidamente e "dispararam para o ar" para que os militantes e os palestinianos se retirassem.

Segundo Odeh, os ativistas estrangeiros vivem em Qusra há cerca de um mês.

Desde a criação da ISM que vários dos seus ativistas foram feridos.

A atual guerra em Gaza levou a uma intensificação da violência na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967, onde as tensões já eram elevadas há dois anos.

Desde 07 de outubro, pelo menos 579 palestinianos foram mortos por soldados ou colonos israelitas, de acordo com as autoridades palestinianas. Pelo menos 16 israelitas morreram em ataques palestinianos ou atentados à bomba, segundo números oficiais israelitas.

Antes da guerra, o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários já tinha feito soar o alarme sobre a "violência dos colonos", observando que os incidentes entre palestinianos e habitantes dos colonatos - cidades e aldeias que são ilegais ao abrigo do direito internacional - nunca tinham sido tão numerosos desde que começou a contá-los em 2006.

O Tribunal Internacional de Justiça, o principal órgão jurisdicional da ONU, afirmou sexta-feira, num parecer não vinculativo, que Israel abusou do estatuto de potência ocupante na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ao adotar políticas de anexação de território, imposição de controlo permanente e construção de colonatos.

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