"Uma mentira". Kremlin rejeita acusações de crimes de guerra em Izium

por Andreia Martins - RTP
Várias equipas continuam a exumação de corpos numa floresta da cidade de Izium, Kharkiv, recentemente libertada pelas forças ucranianas. Umit Bektas - Reuters

Moscovo rejeitou esta segunda-feira as acusações de Kiev sobre alegados crimes de guerra cometidos em Izium, na região de Kharkiv. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que essas incriminações são "uma mentira" e que a Rússia se compromete a "defender a verdade".

Nos últimos dias, o Governo ucraniano anunciou que os seus militares encontraram cerca de 450 cadáveres em sepulturas e numa vala comum em Izium.

Volodymyr Zelensky indicou no domingo que foram descobertas “mais de dez câmaras de tortura” nas áreas libertadas da região de Kharkiv. De acordo com o presidente ucraniano, os militares russos deixaram para trás instrumentos de tortura, incluindo equipamentos de choques elétricos.

A cidade de Izium, na região de Kharkiv, esteve sob controlo das tropas russas nos últimos meses. Na passada semana, as forças ucranianas recuperaram o controlo daquela localidade e de outros territórios no leste da Ucrânia.

Para o Kremlin, repete-se a “mentira” de há alguns meses. “É o mesmo cenário de Bucha. É uma mentira e, obviamente, vamos defender a verdade neste caso”, afirmou Dmitry Peskov.

O porta-voz do Kremlin referia-se à cidade ucraniana às portas de Kiev, onde os militares russos foram acusados de cometer atrocidades contra civis.

Quando Bucha foi libertada pelas tropas ucranianas, foram encontrados centenas de corpos de civis com sinais de tortura. Na altura Moscovo também negou todas as acusações.

A Chéquia, um ex-Estado comunista sob influência soviética que atualmente ocupa a presidência rotativa da União Europeia, pediu no sábado a criação de um tribunal internacional para crimes de guerra após a descoberta das novas sepulturas em Izium.

Por sua vez, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, não esconde a expectativa de que o Tribunal Penal Internacional possa investigar os alegados massacres ocorridos em Izium.

Guterres diz que o TPI é o instrumento “mais importante na verificação dos factos” e que, após “uma investigação séria”, deve “criar as condições para que os responsáveis pelas atrocidades sejam punidos”.
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