Ucrânia. Uso de armas de longo alcance contra Rússia depende de cada Estado-membro, explica Rangel

por RTP
Foto: Olivier Hoslet - EPA

A decisão de autorizar a Ucrânia a usar armas de longo alcance cabe a cada Estado-Membro da União Europeia, explicou esta quinta-feira Paulo Rangel. Segundo o ministro português dos Negócios Estrangeiros, a decisão será sempre bilateral. As declarações surgem depois de o chefe da Diplomacia europeia ter pedido o fim do levantamento das restrições para que Kiev possa usar armas contra alvos militares russos.

“O consenso que existe é que haverá uma decisão bilateral dos Estados que cedem armamento que tem alcance maior, juntamente com a Ucrânia – no fundo é a situação que nós temos hoje”, explicou Rangel aos jornalistas esta quinta-feira.

O MNE adiantou que “cada Estado, em função do material que cede e de que dispõe, autoriza ou não autoriza um uso maior ou menor dentro do território russo”.

“Neste sentido, em rigor, não há uma mudança da posição anterior. Talvez a outra ainda não estivesse tão clara, mas há autorização para os Estados poderem, juntamente com a Ucrânia, verem qual é o uso que querem dar ao armamento que disponibilizaram”, acrescentou.

Josep Borrell defendeu que os aliados de Kiev levantem todas as restrições ao uso de armas ocidentais, embora haja divisão entre os 27 sobre a permissão para que as armas fornecidas sejam utilizadas na Rússia.

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, apelou por sua vez aos Estados-membros da União Europeia para que tomem decisões que permitam ataques de Kiev contra "objetivos militares legítimos" em território russo.

A Ucrânia precisa de pelo menos 130 caças F-16 para neutralizar o poder aéreo russo, de acordo com as autoridades ucranianas.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, incluindo Paulo Rangel, estão esta quinta-feira reunidos em Bruxelas para discutir a crise na Venezuela, Médio Oriente e Ucrânia. Dmytro Kuleba também participa na reunião.
Portugal "aberto" a considerar sanções contra ministros israelitas
Outro dos tópicos em cima da mesa nesta reunião é a crise no Médio Oriente. Em declarações aos jornalistas, Paulo Rangel revelou que Portugal "tem abertura" para considerar sanções contra elementos específicos do Governo israelita, se houver um "consenso europeu", depois do apelo feito pelo chefe da diplomacia europeia.

"O Governo português tem abertura para considerar isso", afirmou o MNE, acrescentando que a abertura do país a esta hipótese está circunscrita a elementos específicos do Governo de Benjamin Netanyahu, por "declarações lancinantes" que podem contribuir para exacerbar o clima de tensão no Médio Oriente.

Mas, para ser considerado este regime de sanções é necessário um "consenso europeu" sobre o assunto, frisou Rangel.
Tensão na Venezuela em discussão
O chefe da diplomacia portuguesa falou ainda acerca da situação na Venezuela, que continua em tensão após a reeleição de Nicolás Maduro. O candidato presidencial da oposição nesse país, Edmundo González Urrutia, participou por videoconferência na reunião.

Paulo Rangel explicou que o candidato da oposição, que reclama a vitória nas eleições presidenciais venezuelanas, apresentou a situação no país, relatando cada vez mais "prisões arbitrárias" e a "repressão, que está a aumentar".

"Há um consenso muito grande de toda a UE no sentido de dizer que não estamos em condições de reconhecer a vitória do presidente [Nicolás] Maduro, porque continua a não haver atas originais" que confirmem a reeleição do candidato chavista declarada pelas autoridades, sustentou o MNE português.

"Sem elas [as atas originais] não é possível validar" os resultados, acrescentou Paulo Rangel.

O ministro explicou que a posição manifestada hoje pela UE surgiu depois de o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela ter validado a vitória de Nicolás Maduro no sufrágio de 28 de julho.

No final da reunião de MNE, o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, insistiu que o bloco comunitário não reconhece "legitimidade democrática" de Nicolás Maduro enquanto presidente da Venezuela, posição que também Paulo Rangel transmitiu em declarações aos jornalistas.

c/ Lusa
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