Ucrânia. Rússia adia referendo na região ocupada de Kherson

por RTP
Kiev e os seus aliados ocidentais têm denunciado como "ilegais" os planos russos para um referendo em Kherson e noutras áreas da Ucrânia. Ammar Awad - Reuters

As autoridades russas que neste momento ocupam a cidade ucraniana de Kherson, no sul do país, decidiram adiar por razões de segurança a realização de um referendo sobre a anexação desse território à Rússia.

“O assunto vai ser colocado em suspenso devido à situação de segurança”, declarou esta segunda-feira Kirill Stremousov, vice-chefe da administração russa em Kherson.

Segundo o responsável, as forças ucranianas levaram a cabo bombardeamentos que deixaram inutilizável a Ponte Antonovskiy. Os russos utilizavam esta ponte estratégica de Kherson para trazer tropas e equipamentos para dentro e para fora da cidade.

Stremousov disse ainda que embarcações que transportam civis pelo rio Dnipro estão também sob fogo ucraniano, assim como várias infraestruturas da cidade. Kiev e os seus aliados ocidentais têm denunciado como “ilegais” os planos russos para um referendo em Kherson e noutras áreas da Ucrânia.

Entretanto, a Ucrânia anunciou que as suas forças recapturaram Vysokopillya, uma pequena cidade a cerca de 167 quilómetros a norte de Kherson. Essa alegada vitória faz parte de uma contraofensiva no sul lançada pelo Exército ucraniano na semana passada.

Uma foto que circula em redes sociais revela, aparentemente, soldados a erguerem a bandeira ucraniana sobre a cidade, que tinha quase 4.000 moradores antes da guerra. A imagem foi mesmo publicada no Facebook por Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete do presidente Volodymyr Zelensky.

O chefe de Governo referiu que as forças ucranianas recapturaram dois "centros populacionais" no sul, mas não indicou os nomes dos mesmos.
Ucrânia ameaça julgar quem vote em referendos russos
A Rússia tem planeado a realização de referendos em Kherson e na região sul de Zaporizhia, que controla neste momento. O plano assemelha-se ao levado a cabo na Crimeia depois de as tropas de Moscovo terem tomado a península, em 2014.

A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, pediu aos civis que deixem Kherson à medida que os combates se intensificam na área.

A responsável alertou ainda que qualquer pessoa que participe no referendo russo poderá vir a ser julgada na Ucrânia.

De qualquer modo, a invasão da Rússia desestabilizou de tal forma a vida na Ucrânia que não está claro quem poderia votar em eventuais referendos. A votação na Crimeia em 2014, realizada sob ocupação militar, não foi reconhecida internacionalmente.
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