Ucrânia. Chefe militar de Donetsk demitido devido à "situação crítica" das tropas

por Lusa

O chefe do Grupo Tático Operacional responsável pela região de Donetsk, Oleksandr Lutsenko, foi hoje demitido devido à "situação crítica" das tropas ucranianas na cidade de Kurakhove, segundo a deputada ucraniana Mariana Bezugla e a plataforma DeepState.

"O General Lutsenko foi demitido do seu cargo de comandante do Grupo Tático Operacional de Donetsk. Este comando diz respeito à defesa de todas as direções de Pokrovsk e Kurakhove, incluindo a proteção de Pokrovsk e o combate às ofensivas russas em direção a Zaporijia e Dnipro", afirmou a deputada ucraniana Mariana Bezugla na rede social X.

Bezugla adiantou ainda que o General Tarnavskyi será o substituto do antigo comandante do Grupo Tático Operacional.

"O novo comandante é o General Tarnavskyi. Embora não pertença à geração mais jovem, tem experiência nas operações ofensivas bem sucedidas de Kharkiv e Kherson, bem como na contraofensiva mal sucedida do sul em 2023", disse.

"A situação é crítica para todos, exceto para [Oleksandr] Lutsenko, antigo comandante do Grupo Tático Operacional de Donetsk. [Lutsenko] foi afastado do seu cargo e transferido para o Comando das Forças Terrestres", segundo a plataforma analítica de guerra ucraniana DeepState.

No entanto, a substituição de Lutsenko ainda não foi oficialmente confirmada.

De acordo com a plataforma analítica de guerra ucraniana, as tropas russas estão a aproximar-se das tropas ucranianas que defendem as localidades de Ganivka, Romanivka, Trudove e Uspenivka, a sul de Kurakhove.

As forças ucranianas estão a lutar ativamente para manter as suas posições, mas a situação continua a ser difícil devido à significativa vantagem russa.

De acordo com a DeepState, a falta de coordenação representa um risco de cerco para as unidades das forças de defesa ucranianas em várias povoações em simultâneo.

"A situação atual é o resultado da inação ou de ações pouco claras do Grupo Tático Operacional de Donetsk. Os russos estão a conquistar mais território diretamente em Uspenivka, ameaçando fechar a zona e isolar as unidades das forças de defesa da Ucrânia em Hannivka, Uspenivka, Trudove, Veselyi Hai e Romanivka."

As forças russas têm sob controlo de fogo as estradas da zona e estão a cerca de dois quilómetros de cercar as tropas ucranianas que defendem a região.

Após mais de um ano de ofensiva, a Rússia tem vindo a acelerar os seus avanços na região de Donetsk e tem agora como prioridades as cidades de Pokrovsk e Kurakhovsk.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.

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