Ucrânia atacou porto e ferry russo junto à Crimeia

por Cristina Sambado - RTP
Anadolu Agency via AFP

A Ucrânia usou drones para atacar um ferry num porto do estreito de Kerch, que separa a Rússia da Crimeia, uma zona altamente segura, anunciaram as autoridades regionais russas. Esta terça-feira, um ataque aéreo russo danificou infraestruturas na região ucraniana de Sumy.

“Os serviços de emergência estão atualmente a trabalhar no local. O incêndio está controlado e não há risco de propagação”, anunciou o governador da região de Krasnodar, Veniamine Kondratiev, no Telegram. “Infelizmente, há feridos e mortos entre a tripulação e os funcionários do porto”.

Segundo os serviços de emergência citados pela agência estatal TASS, o ataque com drones aéreos causou um morto e cinco feridos. O ataque ocorreu a 12 quilómetros em linha reta da ponte da Crimeia, uma infraestrutura russa chave que já foi alvo de ataques da Ucrânia em várias ocasiões.

O navio encontrava-se no porto de Kavkaz, no estreito de Kerch, que faz a ligação por ferry entre a Rússia continental e a península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014. Também são transportadas mercadorias através do porto.

Segundo a AFP, que cita os meios de comunicação social russos, o serviço de ferry para a Crimeia foi suspenso após a construção, a muito custo, da ponte que liga a península à Rússia.A ponte da Crimeia, que atravessa o Estreito de Kerch, foi também atacada por drones navais ucranianos em julho de 2023, causando danos consideráveis na estrutura e a morte de dois civis.

Embora a ponte tenha sido amplamente utilizada pelo exército russo no início do conflito para transportar mantimentos para os soldados que lutavam na Ucrânia, as ameaças a esta infraestrutura levaram as autoridades a desenvolver outros canais logísticos.

A Ucrânia, que está a passar por dificuldades na linha da frente, tem tido uma série de sucessos no Mar Negro, atacando portos e navios russos em várias ocasiões, incluindo o afundamento do cruzador Moskva em abril de 2022.
Moscovo afirma ter destruído 25 drones ucranianos
A Rússia destruiu 25 drones ucranianos durante a noite, incluindo 21 sobre a Crimeia anexada e o Mar Negro, anunciou, esta terça-feira, o Ministério russo da Defesa.

As defesas antiaéreas intercetaram e destruíram dois drones sobre a região de Bryansk e dois sobre a região de Belgorod, bem como 21 drones sobre o território da República da Crimeia e as águas do Mar Negro”, escreveu o Ministério da Defesa no Telegram.

Na véspera, a Rússia afirmou ter abatido 85 drones ucranianos na noite de domingo e na madrugada de segunda-feira, 47 dos quais apenas na região sul de Rostov, que faz fronteira com a Ucrânia.

Kiev reivindicou a responsabilidade por um ataque de drones à refinaria de Touapsé, uma cidade nas margens do Mar Negro, na região de Krasnodar, no sudoeste da Rússia, que resultou num incêndio. De acordo com uma fonte da defesa ucraniana, a refinaria é propriedade do gigante petrolífero russo Rosneft.

As autoridades regionais russas denunciaram o ataque, afirmando que o incêndio foi causado pela “queda de destroços de um drone”.

Moscovo anuncia, quase diariamente, que destruiu drones ucranianos lançados no seu território.

Kiev diz que está a levar a cabo estas ofensivas em resposta aos bombardeamentos russos que mergulharam a Ucrânia num luto desde que a Rússia invadiu o país em fevereiro de 2022.
Ataque russo danifica infraestruturas em Sumy
Um ataque aéreo russo danificou instalações de infraestrutura crítica na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, disseram autoridades ucranianas esta terça-feira.

A administração militar de Sumy, que não revelou que infraestrutura ficou danificada, avançou apenas que o ataque não provocou vítimas.

A força aérea da Ucrânia disse no Telegram que seus sistemas de defesa aérea destruíram sete dos oito drones que a Rússia lançou durante a noite.

A Rússia também lançou um míssil aéreo guiado Kh-69, acrescentou a força aérea ucraniana, mas acrescentou que, como resultado das contramedidas de suas forças, o míssil “não atingiu seu alvo”.
Uso de telemóveis pelos militares russos vai ser punido
A Duma, câmara baixa do Parlamento russo, propôs uma detenção disciplinar até dez dias para as tropas que usem dispositivos com câmara e funções de geolocalização em zonas de combate como a Ucrânia, revelou a agência de notícias estatal russa TASS.Os telemóveis têm sido utilizados por ambos os lados para identificar alvos na guerra da Ucrânia, tanto através do rastreio da localização dos sinais como através do acesso a fotografias ou mensagens enviadas pelos dispositivos, de acordo com funcionários russos e ocidentais.

De acordo com um projeto de lei apoiado pela Comissão de Defesa da Duma, a utilização de dispositivos eletrónicos destinados a “fins domésticos” e que permitem filmar, gravar áudio e transmitir dados geográficos enquanto se está na zona de combate na Ucrânia, será classificada como infração disciplinar grave, acrescentou a TASS.

O projeto de lei permitirá que os comandantes das unidades militares decidam sobre a imposição de prisão disciplinar por um período máximo de dez dias por uma infração disciplinar grave.

Um relatório de 2024 da empresa de software de cibersegurança Enea revelou que os telemóveis podem ser facilmente localizados no campo de batalha de várias formas pelos lados opostos no conflito Rússia-Ucrânia.

Um ataque de mísseis ucraniano em 2023 matou cerca de 100 soldados na região de Donetsk, controlada pela Rússia, alojados numa escola profissional, depois de a utilização não autorizada de telemóveis pelas tropas ter permitido às forças de Kiev localizá-los.

Segundo a TASS, o projeto de lei da Duma prevê também a detenção disciplinar até 10 dias para os militares que violem a proibição existente de distribuição pública de informações suscetíveis de identificar o pessoal militar russo ou a sua localização.

c/ agências
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