A pedido de Vladimir Putin, o presidente eleito dos Estados Unidos está a preparar uma reunião com o chefe de Estado russo a fim de encontrar uma solução que permita acabar com a guerra "sangrenta" na Ucrânia. A informação foi avançada pelo próprio Donald Trump, sem adiantar datas para o encontro.
“O presidente Putin quer que nos encontremos, até o disse publicamente, e precisamos de acabar com esta guerra, que é um verdadeiro desperdício”, afirmou Trump na quinta-feira, antes de uma reunião com governadores republicanos na sua residência em Mar-a-Lago, em Palm Beach, no estado da Florida.
“Estamos a organizar isso”, acrescentou. Também o porta-voz do Kremlin disse, horas antes, que Putin estava disponível para reunir com Trump, mas até agora não houve declarações oficiais. Dmitry Peskov admitiu apenas que era mais apropriado esperar que o presidente eleito dos EUA tomasse posse.Declarações que surgem a pouco mais de uma semana da tomada de posse e após uma campanha de promessas de pôr termo ao conflito em 24 horas, embora nunca tenham sido apresentadas propostas concretas para um cessar-fogo ou acordo de paz. Donald Trump tem também alimentado os receios entre os aliados da Ucrânia por não garantir a continuidade do apoio norte-americano e deixar duras críticas à quantidade de ajuda militar que os Estados Unidos enviaram a Kiev.
Trump nomeou Keith Kellogg, ex-conselheiro de Segurança Nacional e tenente-general aposentado do Exército dos EUA, como enviado especial à Ucrânia e à Rússia, que apresentou algumas ideias sobre como Washington podia pôr fim à guerra num artigo de investigação publicado pelo America First Policy Institute , em abril do ano passado.Segundo o nomeado de Trump, a Ucrânia só receberia mais ajuda dos EUA se concordasse em participar nas negociações de paz com Moscovo. A proposta também incluía, no entanto, que se a Rússia se recusasse a participar, os EUA deveriam continuar a ajudar a Ucrânia.
O regresso do republicano à Casa Branca despertou a esperança de uma resolução diplomática para o fim da invasão da Rússia, mas também gerou receios em Kiev de que um acordo de paz rápido podia ter um alto preço para a Ucrânia.
Durante uma sessão anual de perguntas e respostas transmitida pela televisão, a 19 de dezembro, Putin disse que estava pronto para se encontrar com Trump "a qualquer momento".
"Se algum dia encontrarmos o presidente eleito Trump, tenho a certeza de que teremos muito sobre o que conversar", disse na altura.
Zelensky com discurso aberto
Também na quinta-feira, o presidente da Ucrânia disse que "é evidente que daqui a 11 dias começa um novo capítulo para a Europa e para o mundo inteiro", referindo-se à tomada de posse de Trump, marcada para 20 de janeiro.
"Temos de cooperar ainda mais, de confiar ainda mais uns nos outros e de alcançar maiores resultados em conjunto", salientou Volodymyr Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano considerou que "seria uma loucura" deixar cair as coligações estabelecidas desde o início do conflito com os países aliados e defendeu a presença de soldados ocidentais em território ucraniano para "forçar a Rússia à paz".
"Percorremos um caminho tão longo que, honestamente, seria uma loucura deixar 'cair a bola' agora e não continuar a construir as coligações de defesa que criámos, especialmente já que elas nos ajudam a crescer e a fortalecer o que é basicamente o nosso poder de defesa partilhado", defendeu Zelensky, na abertura da 25.ª reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que decorreu na base aérea norte-americana de Ramstein, na Alemanha.
c/ agências