A demissão do ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros é a mais recente num leque de saídas de governantes do Executivo de Volodymyr Zelensky. São já sete os lugares vazios para os cargos de ministros e funcionários de topo, com o presidente da Ucrânia a anunciar uma mudança estrutural no seu gabinete ao fim de dois anos da guerra iniciada pela Rússia. Espera-se que mais de 50 por cento dos responsáveis sejam substituídos antes do outono.
O vice-primeiro-ministro Olha Stefanishyna e os ministros da Justiça, do Ambiente e da Reintegração também se demitiram, tal como o diretor do Fundo de Propriedade Estatal da Ucrânia, Vitaliy Koval.
Um decreto publicado no site da Presidência revela que foi também demitido Rostyslav Shurma, chefe de gabinete adjunto responsável pela economia.
Cerca de um terço dos lugares no Executivo ucraniano estão atualmente vazios.
Kuleba, o último a apresentar a demissão, estava no cargo desde 2020 e liderou, juntamente com Volodymyr Zelensky, os esforços para manter o apoio do Ocidente na luta contra a invasão russa.
"O Verkhovna Rada [Conselho Supremo da Ucrânia] recebeu uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, D.I. Kuleba, sobre a sua demissão", escreveu o presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, nas redes sociais.
“Outono será extremamente importante”
Na semana passada, Volodymyr Zelensky sinalizou a intenção de uma grande remodelação no Governo, reiterando, no seu habitual discurso noturno, a necessidade de mudança.
"O outono será extremamente importante para a Ucrânia. E as nossas instituições estatais devem ser configuradas para que a Ucrânia alcance todos os resultados de que precisamos - para todos nós", afirmou.
O líder ucraniano acrescentou que, "para isso, é necessário reforçar algumas áreas do Governo” e que “foram preparadas alterações na sua composição”, havendo igualmente “mudanças no gabinete” do presidente.
Segundo David Arakhamia, um dos principais legisladores do partido no poder, mais de metade dos ministros deverá mudar.
"Tal como prometido, espera-se para esta semana uma grande remodelação do Governo. Mais de 50 por cento do pessoal do gabinete de ministros será mudado. Amanhã teremos um dia de demissões e, depois de amanhã, um dia de nomeações”, avançou na terça-feira.
Rússia nega que mudanças interfiram com negociações
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu às mudanças no Governo da Ucrânia dizendo que estas não influenciarão "de forma alguma" as perspetivas de um processo negocial entre os dois países.
"Não, isso não influenciará de forma alguma e não tem nada a ver com as perspetivas de um processo de negociação", declarou, segundo a agência russa de notícias TASS.
A mudança ocorre num momento crítico da guerra contra as forças russas, que avançam cada vez mais na frente oriental. Zelensky deverá deslocar-se este mês aos Estados Unidos, um aliado fundamental, onde se espera que apresente o seu "plano de vitória" ao presidente Joe Biden.
Enquanto as forças ucranianas reivindicam o controlo de parte da província russa de Kursk, as tropas de Moscovo continuam a progredir na frente de Donetsk, no leste da Ucrânia, ao mesmo tempo que os seus raides aéreos atingem as infraestruturas energéticas do país, antes da chegada do inverno.
Esta quarta-feira, sete pessoas, incluindo três crianças, morreram na sequência de um ataque russo em Lviv. Na véspera, pelo menos 50 pessoas morreram numa investida russa na cidade ucraniana de Poltava.
c/ agências