Rússia volta a atacar Ucrânia enquanto NATO promete mais meios de defesa para Kiev

por Inês Moreira Santos - RTP
Maxym Marusenko - EPA

Depois do ataque russo de terça-feira a um hospital pediátrico de Kiev, Moscovo lançou 20 drones e cinco mísseis na região de Odessa, matando duas pessoas e danificando infraestrutura portuária e uma instalação de energia. Entretanto, a comunidade internacional prepara-se para fornecer mais ajuda a nível de defesa militar às forças ucranianas.

O ataque aconteceu às primeiras horas desta quarta-feira na região sul de Odessa, vitimando um motorista de camião e um segurança. Segundo o governador regional Oleh Kiper, ficou ainda ferido um marinheiro. Os mísseis russos danificaram, indicou ainda, armazéns portuários, camiões e um navio civil.

A região de Odesa é um dos principais pontos das exportações ucranianas no Mar Negro, que foi reativado sem o consentimento da Rússia depois de Moscovo ter abandonado um acordo mediado pela ONU no verão passado, que permitia a Kiev exportar alimentos durante o conflito.
As infraestruturas portuárias desta região têm sido, aliás, regularmente atacadas pelas forças russas.

Os drones russos atingiram ainda, esta quarta-feira, uma instalação de energia na região noroeste de Rivne. Apesar de ter deflagrado um incêndio no local, as autoridades ucranianas confirmaram que não houve vítimas.

Este ataque causou cortes temporários de energia na região, mas não obrigou a quaisquer alterações nos cortes de energia programados, indicou o operador da rede Ukrenergo. Recorde-se que a Ucrânia tem feito cortes de energia regulares devido à escassez de fornecimento provocada pelos danos que os ataques russos têm deixado nas instalações energéticas.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou entretanto, num comunicado, que nas últimas horas abateu 14 de 20 drones russos em oito regiões do país e que impediu que três de quatros mísseis russos Kh-59/Kh-69 atingissem os alvos.
EUA anunciam mais defesa para Ucrânia
Os Estados Unidos vão fornecer defesas aéreas adicionais à Ucrânia, anunciou na terça-feira o presidente norte-americano na abertura da Cimeira da NATO, em Washington.

“Ao todo, a Ucrânia receberá centenas de defesas adicionais ao longo do próximo ano, ajudando a proteger as cidades ucranianas contra mísseis russos e tropas ucranianas que enfrentam ataques nas linhas de frente”, anunciou.

No mesmo discurso, o presidente dos EUA declarou que a Aliança Atlântica está “mais poderosas do que nunca” e que enfrenta um “momento crucial” no conflito russo-ucraniano. Nas palavras de Biden, a NATO tem de declarar que é a entrada da Ucrânia na NATO é “irreversível”.

Antes desta guerra, continuou Biden, “Putin pensou que a NATO iria quebrar”. “Hoje, a NATO está mais forte do que nunca. Quando esta guerra sem sentido começou, a Ucrânia era um país livre. Hoje ainda é um país livre e a guerra terminará com a Ucrânia a manter-se um país livre e independente”.

“A Rússia não prevalecerá”, afirmou Biden sob aplausos. “A Ucrânia prevalecerá”.

Joe Biden anunciou “uma doação histórica de equipamento de defesa aérea à Ucrânia", reforçando que o presidente russo “não parará na Ucrânia, mas a Ucrânia pode parar e parará Putin”.

O presidente norte-americano referia-se ao esforço conjunto por parte dos EUA, Alemanha, Países Baixos e Roménia, que vão fornecer à Ucrânia quatros sistemas de defesa aérea Patriot nos próximos meses. Já Itália irá fornecer um sistema SAMP-T, respondendo aos pedidos de Kiev por mais defesa."Hoje, anunciamos que, coletivamente, estamos a fornecer à Ucrânia sistemas estratégicos de defesa aérea adicionais, incluindo baterias Patriot adicionais doadas pelos Estados Unidos, Alemanha e Roménia; Componentes Patriot doados pelos Países Baixos e outros parceiros para permitir a operação de uma bateria Patriot adicional", segundo um comunicado divulgado pela Casa Branca.

O mesmo comunicado adianta que os aliados estão “empenhados em fornecer à Ucrânia capacidades adicionais de defesa aérea, à medida que esta se defende contra a agressão contínua da Rússia, incluindo os ataques deliberados da Rússia às cidades ucranianas e às infraestruturas civis e críticas”.

O pacote de apoio à Ucrânia - que deverá fixar uma ajuda anual dos aliados de 40 mil milhões de euros por ano – implicará ainda que a NATO assuma a tarefa de coordenar a ajuda militar que este país recebe para se defender da invasão russa, bem como as iniciativas de treino das suas forças, através de um comando liderado por um general de três estrelas e com cerca de 700 pessoas a trabalhar numa sede da NATO na Alemanha.

Outros aliados, incluindo o Canadá, a Noruega, a Espanha e o Reino Unido, vão fornecer uma série de outros sistemas de defesa.

Este anúncio de mais ajuda à Ucrânia aconteceu horas depois de as forças russas terem bombardeado o maior hospital pediátrico em Kiev, no qual morreram mais de 40 pessoas.
Japão entrega máquinas de desminagem
O Governo do Japão anunciou, por sua vez, já esta quarta-feira,  que entregou à Ucrânia equipamento para a remoção de minas colocadas pelo exército russo e munições não detonadas.

O equipamento foi entregue, numa cerimónia em Kiev, como parte de um pacote de medidas anunciado, na semana passada, pelo Ministério japonês dos Negócios Estrangeiros, para "apoiar a remoção de minas terrestres no estrangeiro", indicou a diplomacia nipónica, em comunicado.

Tóquio forneceu ao Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia (SESU) quatro máquinas desenvolvidas pela empresa japonesa Nikken para desminagem, já utilizadas em países como o Camboja e o Afeganistão. O Japão prestou ainda formação operacional ao pessoal do SESU, antes de entregar os equipamentos, explicou, na mesma nota, a diplomacia nipónica.

Ao todo, está previsto que o Japão forneça à Ucrânia 20 dispositivos ao longo deste ano, bem como outras tecnologias, incluindo "detetores de minas" e "um sistema baseado em inteligência artificial para prever áreas onde minas possam ter sido enterradas", noticiou o diário Japan Times.

O pacote de ajuda japonês inclui também assistência para ensinar as pessoas a evitar as minas terrestres e apoio às vítimas de explosões.

c/ agências
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