Rússia concentra ataques em Pokrovsk mas sem sucesso - Zelensky
A Rússia está a concentrar os seus ataques contra a Ucrânia em Pokrovsk, na região de Donetsk (leste), deixando as tropas ucranianas em situação "difícil", mas sem conseguir tomar a localidade estratégica, afirmou hoje o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Em conferência de imprensa após uma reunião do Estado-maior durante a qual foi informado da situação na frente de batalha, o Presidente ucraniano deu conta de uma resistência geral aos ataques russos.
"Em Pokrovsk, o inimigo não tem tido sucesso nos últimos dias. Entre 26% e 30% de todos os confrontos ao longo da frente estão a ocorrer em Pokrovsk. Além disso, 50% de todos os ataques com KAB (bombas planadoras) têm como alvo Pokrovsk. Podem imaginar o quão difícil é para as nossas tropas", disse Zelensky.
O líder ucraniano indicou que existem atualmente entre 260 e 300 soldados russos em Pokrovsk, onde opera o 425º Regimento de Assalto Separado, e agradeceu às várias brigadas que também asseguram a defesa.
A agência de notícias ucraniana Ukrinform noticiou hoje que as Forças de Defesa da Ucrânia impediram a expansão russa na parte norte de Pokrovsk, importante centro logístico ucraniano ameaçado de cerco, e impediram-nas de bloquear a estrada que liga a localidade a Rodynske.
Pokrovsk, que contava com cerca de 60 mil habitantes antes da invasão, situa-se num ponto estratégico de cruzamento ferroviário e rodoviário, o que significa que uma captura ia abrir caminho para oeste, onde as defesas ucranianas são menos fortificadas.
Segundo Zelensky, o Estado-Maior discutiu também a situação perto de Kupiansk, onde permanecem cerca de 60 ocupantes russos.
Assegurou que foram definidas as datas para as operações de "limpeza", mas não serão divulgadas.
No setor de Lyman, disse, a situação mantém-se inalterada e está a estabilizar; tal como em Kramatorsk, referiu.
Os combates continuam em Kostiantynivka, onde a situação também se mantém inalterada, e está em curso uma operação em Dobropillia, adiantou.
"O Comandante-Chefe disse que as nossas forças avançaram mais 2 a 3 quilómetros, mas a Rússia entende que perdeu completamente a iniciativa ali. É evidente que se estão a preparar para um contra-ataque. Podemos afirmar isso por todos os sinais e comunicações intercetadas", declarou Zelensky.
Na direção de Novopavlivka, disse, não há alterações, e as forças ucranianas estão a combater os ocupantes em seis localidades.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), a Rússia conquistou 461 quilómetros quadrados de território ucraniano durante outubro, ligeiramente acima dos 447 registados em setembro, aproximando-se da média mensal de 2025.
Em julho, o Exército russo tinha atingido o pico anual, com 634 quilómetros quadrados conquistados.
No final de outubro, as forças russas controlavam total ou parcialmente 19,2% do território ucraniano, incluindo áreas já ocupadas antes da invasão iniciada em fevereiro de 2022, como a Crimeia e partes do Donbass.
A região de Donetsk foi a que registou maiores progressos russos no mês, com 169 quilómetros quadrados conquistados, uma média de 5,5 quilómetros quadrados por dia, permitindo que Moscovo reivindique o controlo de cerca de 81% da região, além de quase toda a vizinha Luhansk.
As forças russas intensificaram os ataques na bacia industrial do Donbass, particularmente em torno de Pokrovsk, assim como a cidade vizinha de Myrnograd, com cerca de 100 mil habitantes antes da guerra.
Na região central de Dnipropetrovsk, onde as tropas russas entraram este verão, Moscovo conquistou mais 150 quilómetros quadrados em outubro, referiu a ONG.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.