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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Resistência da população está a ser "grande surpresa" para o Kremlin

por Lusa

O diretor do Centro de Estudos Internacionais de Odessa, Volodymyr Dubovyk, defendeu hoje que o Kremlin foi fortemente surpreendido pela resistência da sociedade à ofensiva terrestre e aérea das forças russas.

"Está a ser uma grande surpresa para Moscovo que a população ucraniana esteja a resistir -- e que esteja a ser bastante bem-sucedida", disse o académico, intervindo por videoconferência a partir daquela cidade portuária do sudoeste da Ucrânia numa mesa-redonda organizada pelo Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, em Lisboa.

Como Kiev não capitulou ao fim de dois ou três dias, como o Presidente russo, Vladimir Putin, previa, "agora, as forças russas estão a tentar infligir o máximo de dor, o máximo de sofrimento à população para conseguirem obter concessões, o que está a causar um sentimento muito profundo de ira em relação à Rússia", assente na ideia de que se trata de "uma guerra injusta", sustentou Volodymyr Dubodvyk.

Para o professor da Universidade Nacional I.I. Mechnikov de Odessa, essa mesma convicção generalizada de injustiça desta guerra faz com que "a Rússia, agora, não tenha aliados".

"Ninguém quer ficar ao lado dos russos nesta situação de invasão da Ucrânia -- e [o Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky tem agora um índice de popularidade de 90%, algo que não tinha antes, por ser um Presidente em tempo de guerra", "que ficou em Kiev a aguentar o forte, que diz: `A bandeira ainda ali está, ainda está hasteada", sublinhou.

Segundo o académico, por causa da resistência da população e da postura de Zelensky, "a Ucrânia não sente que esteja a perder e, portanto, não está disposta a considerar as concessões que a Rússia quer obter: o reconhecimento da independência das repúblicas de Donetsk e Lugansk e o compromisso de que não irá aderir à NATO e à União Europeia".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos -- o êxodo mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 14.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, segundo várias fontes.

Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje a morte de pelo menos 516 civis, entre os quais 41 crianças.

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