Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Putin ordena novos testes e produção em massa do novo míssil Oreshnik

por RTP
Vladimir Putin, presidente da Federação Russa Vyacheslav Prokofyev - Reuters

O presidente russo anunciou esta sexta-feira que Moscovo vai continuar a testar o míssil hipersónico Oreshnik, que disparou contra a Ucrânia na quinta-feira, e já deu ordens para a produção em massa deste novo míssil.

Vladimir Putin disse que o ataque de quinta-feira foi “bem-sucedido” e este vai continuar a ser usado “em situações de combate”.

Vamos continuar com estes testes, especialmente em situações de combate, dependendo da situação e da natureza das ameaças à segurança da Rússia”, disse.

O presidente russo detalhou que o Oreshnik é incapaz de ser intercetado e “não existem contramedidas” para tal míssil. O novo míssil balístico hipersónico de médio alcance atinge uma velocidade dez vezes superior à do som, o que o torna incapaz de ser intercetado mesmo pelos sistemas ocidentais mais avançados.

Vladimir Putin garantiu ainda que a Rússia possui uma "reserva" deste mísseis, "prontos a serem empregues", e afirmou que "mais ninguém no mundo" possui este tipo de armamento.

O desenvolvimento deste tipo de arma tem uma "importância vital" para Moscovo, face "a novas ameaças crescentes", acrescentou.

Volodymyr Zelensky reagiu com apelos aos aliados por sistemas de defesa aérea de última geração.

"O ministro ucraniano da defesa já está em diálogo com os nossos aliados para obter novos sistemas de defesa antiaérea, precisamente o tipo de sistemas que podem proteger as nossas vidas face a novos riscos", declarou o presidente da Ucrânia, numa mensagem ao país.

Para Zelensky o mundo necessita também de dar "uma resposta firme e séria" ao uso da nova arma, de modo a obrigar Putin a recuar e a fazê-lo sentir as consequências das suas ações.

“O mundo deve responder com firmeza para que Putin tema a expansão desta guerra e enfrente consequências reais pelas suas ações. A verdadeira paz só pode ser alcançada através da força – não há outro caminho”, disse o presidente ucraniano.

O recurso, por parte da Rússia, a um míssil balístico experimental constituiu "uma clara e severa escalada" da guerra, considerou ainda Zelensky.

Usar um outro país para "testar uma nova arma de terror" é claramente um crime internacional, acusou, acrescentando que o desenvolvimento do míssil hipersónico russo "ridiculariza" os apelos à contenção feitos por países como a China .

Ameaças e prudência

Dnipro, a quarta maior cidade ucraniana junto ao rio do mesmo nome, foi atingida na quinta-feira com o novo míssil hipersónico. O ataque foi não só a revelação de uma nova capacidade russa e um teste ao Oreshnik, mas também um aviso ao Ocidente.

De acordo com Putin, o disparo deste novo míssil, quinta-feira, foi equacionado "em resposta aos planos dos Estados Unidos para produzir e destacar mísseis intermédios e de curto alcance", prometendo uma "resposta decisiva e simétrica".

Um conflito regional na Ucrânia previamente provocado pelo Ocidente adquiriu elementos de caráter global", frisou o presidente russo, quinta-feira à noite, num discurso à nação.

Ciente do impacto moral do ataque, Moscovo ameaçou estender os seus alvos aos aliados da Ucrânia.
Já esta sexta-feira, o porta-voz do Kremlin declarou que o ataque com o novo míssil balístico hipersónico teve como objetivo avisar o Ocidente de que Moscovo vai responder caso Estados Unidos e Reino Unido permitam que Kiev ataque a Rússia com os seus mísseis.

Segundo Dmitry Peskov, a Rússia avisou os EUA 30 minutos antes do ataque de ontem, apesar de não ter essa obrigação. Afirmou ainda que Washington "compreendeu" a mensagem.

O porta-voz frisou que o presidente russo, Vladimir Putin, continua aberto ao diálogo. A NATO acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de procurar "aterrorizar" civis e intimidar os aliados da Ucrânia, enquanto Pequim apelou à contenção.
 
A reação do chanceler alemão Olaf Schol ao uso do Oreshnik, foi dizer que este constituiu "uma terrível escalada" e insistir na sua escolha de "prudência" no apoio militar a Kiev.

"Não queremos fornecer à Ucrânia mísseis de cruzeiro capazes de penetrar profundamente no território russo", reafirmou o chefe do Governo alemão, sublinhando que, na sua opinião, "a prudência e o apoio claro à Ucrânia andam de mãos dadas".
De Astracan a Dnipro em 15 minutos
O míssil russo voou durante 15 minutos "desde o momento do seu lançamento na região de Astracan", até atingir a cidade ucraniana, tendo atingido uma velocidade máxima superior a 13.585 quilómetros por hora, avançou entretanto a principal agência de espionagem de Kiev.

A arma era "provavelmente do complexo de mísseis 'Kedr'", acrescentou. "O míssil estava equipado com seis ogivas: cada uma equipada com seis submunições", acrescentou. O novo míssil hipersónico tem um alcance de até 5.500 quilómetros e é capaz de transportar cargas nucleares.

Em Dnipro, a população continua abalada com o efeito produzido pelo impacto do míssil. 

"O meu prédio saltou", contou o escritor ucraniano Ian Valetov, de 61 anos. "Primeiro, ouviu-se um barulho intenso. Depois houve uma série de explosões que fizeram disparar os alarmes dos carros", acrescentou.

Kiev referiu que o ataque de quinta-feira não fez vítimas.
PUB