Putin garante que "roubo" de ativos russos pelo Ocidente "não ficará impune"
O presidente russo, Vladimir Putin, disse esta sexta-feira que o uso de ativos russos pelo Ocidente é um "roubo" e garantiu que esta ação "não ficará impune". As declarações surgem um dia depois de o G7 ter aprovado um pacote de ajuda para a Ucrânia financiado pelos juros dos ativos russos congelados.
O presidente russo reage assim à aprovação por parte do G7 de um pacote histórico de 50 mil milhões de dólares para a Ucrânia, financiados pelos juros dos ativos russos congelados.
Na opinião de Putin, a forma como o Ocidente está a tratar Moscovo mostra que qualquer país “pode ser o próximo” e ser vítima de um congelamento semelhante de bens.
"Agora está a tornar-se óbvio para todos os países, empresas e fundos soberanos que os seus ativos e reservas estão longe de estar seguros, tanto no sentido jurídico como económico da palavra”, disse Putin.
A porta-voz dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, já tinha antecipado na quinta-feira que esta “iniciativa ilegal, ligada a tentativas de injetar dinheiro no regime de Kiev à custa de terceiros” resultaria em “medidas retaliatórias inevitáveis extremamente dolorosas para Bruxelas”. Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, o G7, juntamente com a União Europeia, congelou cerca de 325 mil milhões de dólares em ativos russos.
O conjunto de ativos está a gerar cerca de três mil milhões de dólares por ano em juros. De acordo com o plano do G7, esses três mil milhões de dólares serão usados para pagar os juros anuais do empréstimo aos ucranianos, contraído nos mercados internacionais.
Os 50 mil milhões de dólares não deverão chegar à Ucrânia antes do final do ano, mas o pacote de ajuda como uma solução de longo prazo para apoiar o esforço de guerra e a economia de Kiev.
O empréstimo é também extremamente simbólico para a Ucrânia, uma vez que a Rússia está agora a ser forçada a pagar, não só para reconstruir o país, mas também para ajudar Kiev a defender-se.
Putin diz que modelo de segurança global do Ocidente "entrou em colapso"
Vladimir Putin acusou ainda Washington de “minar” a segurança global ao sair dos pactos de armas.
Na opinião do líder russo, o mundo atingiu um “ponto sem retorno” devido ao que considera ser o “colapso” do modelo de segurança global do Ocidente.
"Evidentemente, estamos a testemunhar o colapso do sistema de segurança euro-atlântico. Hoje ele simplesmente não existe”, disse o presidente russo, sugerindo a criação de um novo sistema.
"Tudo isto exige que nós, juntamente com os nossos parceiros, com todos os países interessados (e há muitos), elaboremos as nossas próprias opções para garantir a segurança na Eurásia, propondo-as então para uma discussão internacional mais ampla", disse Putin na reunião com responsáveis do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.
"É importante partir do facto de que a futura arquitetura de segurança está aberta a todos os países da Eurásia que desejam participar na sua criação. 'Para todos' significa também os países europeus e da NATO, claro", acrescentou.
"Vivemos no mesmo continente. Independentemente do que aconteça, não se pode mudar a geografia, teremos que coexistir e trabalhar juntos de uma forma ou de outra”, asseverou.
c/ agências