Putin deixa elogios a Trump e diz-se pronto para o diálogo com os Estados Unidos
São as primeiras declarações do presidente russo desde a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. A partir de Sochi, Vladimir Putin deixou elogios ao presidente eleito dos Estados Unidos, considerando que Trump comportou-se "como um verdadeiro homem" perante a tentativa de assassinato de que foi alvo em julho último, durante a campanha.
O presidente russo referia-se à tentativa de assassinato de que o então candidato foi alvo em julho, durante um comício na Pensilvânia.
A par do elogio, Vladimir Putin aproveitou para "felicitar" o candidato republicano pela vitória. E considerou ainda que as declarações de Trump durante a campanha sobre a possibilidade de uma reaproximação entre Moscovo e Washington merecem atenção.
"O que foi dito sobre o desejo de reestabelecer relações com a Rússia, de pôr fim à crise ucraniana, merece pelo menos atenção, na minha opinião", afirmou o líder russo. Reportagem emitida no 360, 7 de novembro de 2024
Durante a campanha, Donald Trump afirmou que, caso fosse eleito, seria capaz de alcançar a paz na Ucrânia em apenas 24 horas. Não indicou, no entanto, que passos seguiria para assegurar esse feito.
"Não sei o que vai acontecer. Não faço ideia", afirmou Vladimir Putin. Sobre a eventual aproximação entre Estados Unidos e a Rússia, o presidente russo mostrou abertura, mas frisou que a "bola está do lado" de Washington.
Numa declaração de várias horas durante o Fórum de Valdai, em Sochi, esta quinta-feira, o presidente russo aproveitou ainda para criticar o comportamento dos líderes ocidentais, que acusou de empurrarem o mundo para terreno perigoso, ao procurarem infligir uma derrota estratégica à Rússia através da Ucrânia.
A Rússia controla atualmente a península da Crimeia, que anexou em março de 2014, mas também grande parte do Donbass (que inclui as regiões de Donetsk e Luhansk) e ainda boa parte das regiões de Zaporizhia e Kherson. Ou seja, cerca de um quinto do território do país.
"É inútil exercer pressão sobre nós. Mas estamos sempre prontos a negociar com a plena consideração dos interesses legítimos mútuos", afirmou Vladimir Putin.
O líder russo apresentou nos últimos meses os termos de Moscovo para colocar um ponto final ao conflito na Ucrânia: exige que Kiev abandone as suas pretensões de aderir à NATO e retire todas as tropas doas quatro regiões reivindicadas pela Rússia em 2022, Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson.
Entretanto, menos de 48 horas após a eleição, Donald Trump afirmou que ainda não falou com Vladimir Putin. "Penso que vamos falar", declarou numa entrevista à NBC esta quinta-feira. Adiantou ainda que terá falado com pelo menos 70 líderes mundiais desde a manhã de segunda-feira, quando ficou confirmada a vitória do republicano.
Na Ucrânia, Volodymyr Zelensky rejeitou esta quinta-feira qualquer tipo de concessão de Kiev. Enquanto Putin e Trump dão sinais de prontidão para uma reaproximação, o presidente ucraniano considerou que qualquer tipo de concessão da Ucrânia seria "inaceitável" para o país, mas também "suicida para toda a Europa".
(com agências)