Presidenciais romenas. Secretas denunciam "agressivos ataques cibernéticos russos"
Documentos esta semana divulgados pelos serviços secretos da Roménia apontam que Calin Georgescu, candidato pró-Rússia que agora lidera as eleições presidenciais da Roménia, foi "agressivamente" promovido na rede social social TikTok. Terão também sido furtados dados de acesso a sites eleitorais de utilizadores legítimos. E posteriormente publicados "em plataformas de crimes cibernéticos originárias da Rússia".
Na primeira volta, as sondagens atribuíram a Georgescu cerca de cinco por cento das intenções de voto. Porém, acabou por arrecadar 22,9 por cento, dando uma repentina reviravolta a 24 de novembro. Lasconi alcançou 19 por cento dos votos dos romenos.
A poucos dias da segunda volta, surgem documentos desclassificados e publicados pelo presidente cessante Klaus Iohannis. Os dados foram compilados para apresentação ao conselho de segurança do país, após a primeira volta das presidenciais.
"Agressivos ataques cibernéticos russos"
Após a brusca subida de Georgescu, figura quase desconhecida no país, o serviço de informações internas da Roménia revelou vários documentos que descrevem eleições marcadas por interferência russa, nomeadamente através da plataforma TikTok, a somar a uma série de ataques cibernéticos.
O serviço alega mesmo que há sinais de que o esforço foi conduzido a partir de "locais externos" e "coordenado por um agente patrocinado por um Estado".
Num dos documentos desclassificados, os serviços secretos alegam que Georgescu foi “promovido na plataforma de rede social TikTok através de contas coordenadas, algoritmos de recomendação e promoção paga”.Georgescu já deixou claro que gastou “zero” do fundo na campanha em promoção eleitoral e nega ter feito qualquer ação de propaganda da rede social.
Os documentos contradizem o candidato de extrema-direita e revelam conteúdo pago em apoio de Georgescu e promovido no TikTok.
Curiosamente, este conteúdo “não está marcado como campanha eleitoral”, violando as próprias regras da plataforma e a lei eleitoral romena, enquanto que as promoções de outros candidatos estavam identificadas, logo sujeitas a controlos mais rigorosos.
Neste relatório, as autoridades romenas identificam uma conta do TikTok que fez pagamentos de 361.872 euros durante um mês, a partir de 24 de outubro, para utilizadores que estavam a promover Georgescu.
Para o candidato, entretanto entrevistado na televisão romena, a divulgação destes documentos apresentam uma tentativa coordenada para bloquear a sua candidatura: “Acho que é a primeira vez na história do mundo que um Estado organiza uma ação contra um candidato para impedi-lo de concorrer”.
O candidato da extrema-direita negou ainda conhecer qualquer um dos influenciadores ou financiadores referidos nos relatórios.
Os serviços secretos sublinham ter também identificado mais de 85 mil ataques cibernéticos que visavam explorar vulnerabilidades do sistema nacional, designadamente “aceder a dados eleitorais e alterar o conteúdo”.
"Os ataques continuaram intensamente, inclusive no dia da eleição e na noite seguinte às eleições", reportaram as autoridades.
O relatório acrescenta que os ciberataques usaram métodos avançados para permanecerem anónimos: "O modo de operação e a amplitude da campanha levam-nos a concluir que o invasor tem recursos consideráveis específicos, típicos de um Estado atacante".
Está em curso uma investigação para encontrar responsáveis e apurar se houve algum impacto no ato eleitoral.
A Rússia já negou qualquer interferência nas campanhas eleitorais da Roménia. Note-se que um resultado favorável a Georgescu pode isolar a Roménia do Ocidente.
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