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"Outro ato terrorista". Rússia acusa Ucrânia de atacar civis em Kursk

por Cristina Sambado - RTP
Governador de Kursk Alexei Smirnov - Telegram via Reuters

Moscovo descreve uma incursão levada a cabo por forças ucranianas na região russa de Kursk, ao longo do dia de terça-feira, como um "ato terrorista" dirigido "contra uma população pacífica". Relatos de bloggers militares russos referem um ataque substancial.

"Este é outro ato terrorista", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, à emissora de rádio russa Sputnik, segundo a agência RIA. "É obviamente dirigido contra uma população pacífica, contra uma população civil".

Segundo o Ministério russo da Defesa, foram destruídos quatro drones durante a noite.

A Rússia declarou que tinha lançado ataques aéreos contra os blindados ucranianos e que as forças de reserva tinham sido deslocadas para reforçar a linha da frente, tendo destruído 16 unidades blindadas pertencentes aos invasores, incluindo seis tanques. Moscovo tinha enviado reservas na terça-feira para ajudar a repelir centenas de combatentes ucranianos apoiados por tanques de Kursk, numa incursão terrestre que se configura como uma das maiores no território russo durante a guerra, agora com mais de dois anos.

Os combates decorreram ao longo de todo o dia entre as aldeias fronteiriças de Nikolayevo-Daryino e Oleshnya, na região de Kursk, e até ao interior da Rússia, nos arredores de Sudzha, a dez quilómetros da linha da frente - onde foram fotografados dois ataques a reboques russos carregados de tanques.

A situação era "controlável", esclareceu Alexei Smirnov, o governador em exercício da região sudoeste da Rússia, em mensagens no aplicativo de mensagens Telegram.

Todos os serviços de emergência estavam em "alerta máximo", acrescentou na quarta-feira, apelando às pessoas para doarem sangue para reabastecer as reservas médicas.

A região esteve sob uma dúzia de alertas de ataques aéreos nas últimas 24 horas, segundo as mensagens de Smirnov. Na manhã desta quarta-feira, não havia relatos de novos combates no terreno.

Cinco pessoas morreram, incluindo dois tripulantes de ambulância, e há o registo de pelo menos 20 feridos, entre os quais seis crianças, nos combates que eclodiram na terça-feira, acrescentaram as autoridades russas.

Para já, a Ucrânia não fez qualquer comentário oficial, embora tenha havido indícios de alguma ação militar do seu lado da fronteira. Tanto Kiev como Moscovo afirmam que os seus ataques não visam civis.A Ucrânia dispara regularmente artilharia e mísseis contra o território russo e tem atingido alvos nas profundezas da Rússia com drones de ataque de longo alcance, mas os ataques de infantaria são raros.

As forças que se descrevem como paramilitares voluntários que lutam do lado da Ucrânia infligiram danos mínimos numa grande incursão em partes da região de Belgorod e Kursk este ano, mas o objetivo dos ataques permanece pouco claro.

Na terça-feira, o Estado-Maior da Ucrânia não fez qualquer referência a uma operação ofensiva ucraniana no interior da Rússia.
”Formações ucranianas conseguiram avançar”

Apesar de a Rússia afirmar ter repelido a incursão, relatos de bloggers militares russos e imagens nas redes sociais indicavam que o ataque ucraniano era substancial, embora não fosse claro até que ponto poderia ser sustentado.

Rybar, um popular blogger militar russo afirmou ao jornal britânico Guardian, que na terça-feira à noite a situação na região de Kursk permanecia tensa, com batalhas a decorrer nos distritos fronteiriços. "A julgar pelas últimas imagens, as formações ucranianas conseguiram avançar", escreveu.


Isto contrasta com a declaração inicial do Ministério da Defesa de Moscovo, que afirmou ter repelido o ataque. "Depois de ter sofrido perdas, o grupo de sabotagem ucraniano retirou-se para o seu território, enquanto alguns dos combatentes tentaram entrar diretamente no território adjacente à fronteira do Estado, onde foram bloqueados por unidades do exército russo", afirmou o Ministério num comunicado.

Os dirigentes políticos ucranianos e o Ministério da Defesa não comentaram de imediato a situação, mas um alto funcionário reconheceu que o ataque estava a ter lugar e indicou que não tinha sido derrotado.


Andrii Kovalenko, chefe do departamento de anti-desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, afirmou que "os soldados russos estão a mentir sobre a possibilidade de controlar a situação na região de Kursk. A Rússia não controla a fronteira".O objetivo do ataque pode ser uma tentativa da Ucrânia, cujas defesas estão sobrecarregadas, de desviar algumas forças russas para defender uma parte da linha da frente que tem estado em grande parte inativa desde a primavera de 2022 - e também de aumentar o moral em casa.

No entanto, os críticos na Ucrânia argumentam que tais ataques não têm qualquer objetivo militar a longo prazo. Em março, grupos russos anti-Kremlin lançaram ataques a partir da Ucrânia contra as regiões de Belgorod e Kursk, mas foram repelidos sem qualquer ganho estratégico.

As perdas de ambos os lados não puderam ser verificadas e os relatórios iniciais sobre as baixas no campo de batalha revelam-se frequentemente exagerados.

c/ agências
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