Noruega reforça inspeções de segurança na rede de distribuição de gás natural

por Carlos Santos Neves - RTP
A norueguesa Gassco opera uma rede de gasodutos de 8.800 quilómetros que liga o país nórdico à Europa continental e à Grã-Bretanha Cezary Aszkielowicz - Agencja Wyborcza via Reuters

Os responsáveis pela infraestrutura de abastecimento de gás da Noruega estão a robustecer as operações de inspeção de gasodutos, na sequência das explosões ocorridas em setembro no sistema Nord Stream. O país nórdico tornou-se, no contexto da guerra na Ucrânia, o maior fornecedor de gás natural da Europa.

Na base das preocupações da norueguesa Gassco está a descoberta, a 26 de setembro, dos danos nos gasodutos Nord Stream do Mar Báltico, ao largo da Suécia e da Dinamarca. Quer os gasodutos, quer as plataformas marítimas, estão neste momento sob proteção de forças militares da Noruega.

“Juntamente com a [petrolífera norueguesa] Equinor, intensificámos o programa de inspeções com base nesta situação”, adiantou o presidente executivo da Gassco, Frode Leversund, em declarações à agência Reuters.A norueguesa Gassco opera uma rede de gasodutos de 8.800 quilómetros que liga o país nórdico à Europa continental e à Grã-Bretanha.


“Estamos a fazer mais inspeções agora do que faríamos numa situação normal”, continuous Leversund, explicando que, ao abrigo do programa de manutenção da estrutura, o ritmo das inspeções é determinado pela análise de risco.

Com a redução do fluxo de gás da Rússia, que Moscovo atribui a problemas técnicos gerados pelas sanções ocidentais, a Noruega é agora o maior fornecedor da Europa via gasodutos.

Segundo dados da consultora anglo-americana Refinity, citados pela Reuters, o navio norueguês de abastecimento offshore “Havila Subsea”, equipado com submarinos de controlo remoto, passou as últimas semanas em aparentes operações de inspeção de gasodutos ligados à Alemanha e à Bélgica.A Gassco está em contacto permanente com as autoridades alemãs, francesas, belgas e britânicas.

Outro navio, o “Volantis”, deslocou-se até ao centro de transporte de gás Sleipner e terá inspecionado uma seclão das ligações do Statpipe e do Norpipe ao terminal alemão de Emden.

A Noruega admite atingir ainda este ano um nível de exportações, através dos seus gasodutos, de até 117 mil milhões de metros cúbicos de gás – a marca histórica que o país nórdico atingiu em 2017.

“Qual será exatamente o número final, se sera maior ou menor, depende muito dos últimos meses do ano”, afirmou o CEO da Gassco.
Falta consenso na União Europeia
Os ministros europeus da Energia estiveram reunidos na passada terça-feira, no Luxemburgo, para discutirem um pacote de medidas destinado a gerir a crise energética desencadeada pela invasão russa da Ucrânia. Ficaram patentes as divergências quanto a um plafonamento dos preços do gás. E os governantes acabaram por agendar nova reunião para 24 de novembro.

No último Conselho Europeu, realizado a 20 e 21 de outubro, os líderes dos 27 encarregaram a Comissão Europeia de submeter, com caráter de urgência, “decisões concretas” sobre aquisições comuns de gás, o enquadramento do mercado e a definição de um teto para os preços do combustível utilizado para produzir eletricidade, ideia defendida pela França, mas que conta com a resistência alemã.

Em documento de análise aos potenciais efeitos de um alargamento à União Europeia do mecanismo ibérico, apresentado aos ministros da Energia, o Executivo comunitário enumerou o risco de se inflacionar o consumo europeu de gás, o custo financeiro variável de país para país e o perigo de subvencionar a eletricidade exportada para países terceiros.

“Atualmente, cabe aos Estados encontrar uma solução para este problema das exportações ou sobre a partilha do fardo financeiro. Esta análise era necessária, antes que a Comissão pudesse estabelecer uma proposta legislativa”, justificou a comissária europeia da Energia, Kadri Simson.

“Outra pré-condição é ter suficiente apoio dos Estados para avançar com uma proposta”, rematou a comissária.

Em sentido contrário, porém, a ministra francesa da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, quis deixar claro que “a bola está no campo da Comissão”, dado que os 27 lhe “deram de forma consensual e unânime um mandato muito claro”.

c/ agências
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