Moscovo acusa Londres de incentivar a Ucrânia a atacar alvos em território russo

por Carla Quirino - RTP
Restos de um míssil balístico russo Tochka U Serviço de imprensa das Forças Terrestres Ucranianas - Reuters

O ministro da Defesa do Reino Unido disse que "não será necessariamente um problema" para a Ucrânia usar armas fornecidas pelo Reino Unido contra alvos militares na Rússia. Do lado russo chega a resposta usando a mesma narrativa de que "não será necessariamente um problema quando a Rússia decidir tomar uma ação de retaliação" contra centros de comando em Kiev, onde estão conselheiros de países ocidentais.

James Heappey, ministro da Defesa do Reino Unido disse que os ataques militares ucranianos para interromper as linhas de abastecimento eram "inteiramente legítimos" em contexto de guerra e descreveu as alegações russas de que a NATO está em conflito com a Rússia como "absurdo".

Acrescentou que "não será necessariamente um problema" para a Ucrânia usar armas fornecidas pelo Reino Unido contra alvos militares na Rússia.

Entre múltiplas ajudas militares dos países ocidentais a Kiev, Londres anunciou que vai fornecer alguns veículos antiaéreos às forças ucranianas.

Em resposta, Moscovo acusou o Reino Unido de "provocar" a Ucrânia a atacar o território russo.
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo | Alexander Zemlianichenko - Reuters

Num comunicado citado pela agência de notícias Interfax, o Ministério da Defesa russo responde na mesma moeda e afirma que a permanência de "conselheiros entre os súditos de um dos países ocidentais que estão localizados em centros de tomada de decisão ucranianos em Kiev não serão necessariamente um problema quando a Rússia decidir tomar uma ação de retaliação".

"Gostaríamos de enfatizar que a provocação direta por parte de Londres do regime de Kiev a tais atividades (atacar o território russo), caso haja uma tentativa de realizá-las, levará imediatamente à nossa resposta proporcional."

O Ministério também disse que as forças armadas russas estão prontas para "realizar ataques de retaliação usando armas de longo alcance e alta precisão" contra "centros que tomam decisões relevantes" na capital ucraniana, Kiev.

Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo também acusou a NATO de conduzir uma guerra por procuração e disse que "as armas ocidentais entregues à Ucrânia seriam alvos legítimos".

Lavrov considera que o Ocidente está a "despejar óleo no fogo" ao fornecer armamento à Ucrânia e repetiu advertências de que o conflito poderá arrastar o mundo para uma terceira guerra mundial.
Retórica ameaçadora da Rússia
Dominc Raab, vice-primeiro-ministro do Reino Unido responde que a ameaça russa de "resposta proporcional" ao Reino Unido é "ilegal".

Em entrevista à Sky News, Raab afirmou que a declaração russa é "ilegal e o que estamos a fazer é lícito. O direito internacional é muito claro sobre isso. Os Estados têm o direito de fornecer apoio militar a qualquer Estado que exerça o direito de defesa legal contra uma invasão agressiva".

"E, francamente, se a Rússia começar a ameaçar outros países, isso aumentará ainda mais o seu status de pária e provocará o aumento da solidariedade e o consenso entre a comunidade internacional de que eles devem ser detidos", observou.

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