Ministro da Defesa da Rússia em Pyongyang exalta aliança com a Coreia do Norte

por Cristina Sambado - RTP
Andrei Belooussov foi recebido à chegada a Pyongyang pelo homólogo norte-coreano, o general No Kwang Chol Ministério russo da Defesa/Handout via Reuters

O ministro russo da Defesa, Andrei Belooussov, que realizou esta sexta-feira uma visita surpresa à Coreia do Norte, congratulou-se com o reforço “geral” dos laços com Pyongyang, ligada a Moscovo por um tratado de defesa mútua. No teatro de guerra, as forças ucranianas adiantam ter intercetado, nas últimas horas, 88 de 132 drones lançados pela máquina de guerra russa.

Hoje, os laços de amizade entre a Rússia e a Coreia do Norte estão a ser ativamente reforçados em todas as áreas, incluindo no domínio da cooperação militar”, afirmou Andrei Belooussov, citado num comunicado de imprensa difundido pelo Ministério russo da Defesa, durante uma reunião com o seu homólogo norte-coreano, No Kwang Chol. Andrei Belooussov foi recebido à chegada a Pyongyang pelo homólogo norte-coreano, o general No Kwang Chol, com uma banda e honras militares, segundo um vídeo divulgado pelo Kremlin.

Belooussov disse estar “convencido” de que estas conversações em Pyongyang “servirão para reforçar ainda mais a parceria estratégica russo-coreana no domínio da defesa”.

Por seu lado, No Kwang Chol garantiu que o exército norte-coreano estava determinado a “reforçar e desenvolver incessantemente” a cooperação com o exército russo, de acordo com as suas observações citadas no comunicado de imprensa.

Durante esta “visita oficial” a Pyongyang, que é uma aliada de Moscovo e está ligada à Rússia por um tratado de defesa mútua, Belooussov vai manter conversações com vários “oficiais militares e político-militares” norte-coreanos, avançou o exército russo, sem dar mais pormenores.

A Rússia e a Coreia do Norte estão ligadas por um tratado de defesa mútua, assinado em junho e recentemente ratificado.
Os dois países estão sujeitos a sanções internacionais: Pyongyang pelo desenvolvimento do seu arsenal nuclear e Moscovo pela sua ofensiva na Ucrânia.

Seul e Washington acusam a Coreia do Norte de enviar tropas para a Rússia para combater as forças ucranianas ao lado do exército russo.

Funcionários do governo sul-coreano e uma organização de investigação afirmaram na semana passada que Moscovo estava a fornecer a Pyongyang combustível, mísseis antiaéreos e ajuda económica.
Oito feridos em ataques russos à Ucrânia
A força aérea da Ucrânia revelou esta sexta-feira que a Rússia lançou 132 drones, dos quais 88 foram abatidos. Os ataques russos provocaram ferimentos em oito pessoas e danificaram edifícios em Kiev e na região de Odessa.Os drones abatidos foram intercetados em várias regiões do norte, centro, nordeste, sul e sudeste da Ucrânia.

Um comunicado da Força Aérea Ucraniana revela que, dos 132 drones, 88 foram abatidos, 42 perderam o sinal, em parte devido às medidas de guerra eletrónica do exército de Kiev. Um drone retornou ao território russo.

Segundo a Força Aérea, infraestruturas em várias regiões ucranianas, carros, casas particulares e edifícios residenciais foram danificados durante o ataque.


A Rússia intensificou os seus ataques noturnos com drones contra cidades ucranianas, à medida que continua a avançar ao longo da fronteira oriental, obtendo alguns dos seus maiores ganhos territoriais mensais desde 2022.Na terça-feira Moscovo lançou um recorde de número recorde de 188 drones contra a Ucrânia, antes de organizar um ataque em grande escala à rede elétrica ucraniana na quinta-feira.

O ataque com drones na região de Odessa, no sul do país, danificou 13 edifícios residenciais e feriu sete pessoas, informaram as autoridades em comunicado. Fragmentos de drones russos abatidos atingiram edifícios em dois distritos de Kiev e feriram uma pessoa no final do dia de quinta-feira.

Os serviços de emergência, numa publicação na aplicação de mensagens Telegram, mostraram imagens de destroços espalhados dentro e fora de uma clínica pediátrica no distrito de Dniprovskyi, em Kiev, na margem leste do rio Dnipro.

O presidente da câmara da capital ucraniana, Vitali Klitschko, revelou que os fragmentos do drone atingiram um local de infraestruturas no distrito de Sviatoshynskyi, na margem ocidental do rio.

Já o governador regional de Kiev, Ruslan Kravchenko, relatou danos mínimos numa residência privada e noutro edifício, sem quaisquer vítimas.A Rússia ataca regiões da Ucrânia todas as noites com drones Shahed e outros dispositivos não tripulados kamikaze. As defesas ucranianas conseguem neutralizar a grande maioria.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram, entretanto, a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
Um milhão sem eletricidade
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou o ataque em massa da Rússia às infraestruturas energéticas na quinta-feira como uma “escalada muito desprezível das táticas terroristas russas”. O ataque noturno deixou mais de meio milhão de pessoas sem eletricidade na região ocidental de Lviv, na Ucrânia. Segundo as autoridades ucranianas, 280 mil pessoas ficaram sem eletricidade na região ocidental de Rivne e 215 mil na região noroeste de Volyn.

Os serviços de emergência ucranianos afirmaram que os ataques russos causaram danos em 14 regiões do país, sendo o oeste do país o mais afetado. Zelensky afirmou que a Rússia também tinha disparado “munições de fragmentação” durante o ataque.

O presidente ucraniano voltou a exortar os aliados a responderem com firmeza ao que apelidou de “chantagem” russa. O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o bombardeamento foi uma “resposta” aos ataques ucranianos ao seu território com mísseis ocidentais.Rússia afirma ter abatido 47 drones ucranianos
Em contrapartida, a Rússia revelou que abateu 47 drones ucranianos durante a última noite. O ataque das forças de Kiev visou sobretudo a região de Rostov, na fronteira entre os dois países, onde deflagrou um incêndio de grandes proporções numa instalação industrial.

“Os sistemas de defesa antiaérea russos destruíram 47 drones aéreos ucranianos”, incluindo 29 aeronaves sobre a região sul de Rostov,
que abriga o quartel-general da operação russa na Ucrânia, afirmou o exército russo em comunicado.Segundo as forças de Kiev, o ataque na região de Rostov, atingiu o depósito de petróleo Atlas, que faz parte do complexo militar-industrial que fornece produtos petrolíferos ao exército de Moscovo.

Na região de Rostov, um incêndio de grandes proporções deflagrou numa “zona industrial” no distrito de Kamenski, tendo sido enviados mais de cem bombeiros, de acordo com o governador local Yuri Sliosuar, que informou no Telegram que um “ataque maciço de drones” tinha como alvo a sua região.

A imprensa local avança que o ataque provocou um incêndio num depósito de petróleo perto de Kamensk-Chakhtinski.

A Rússia anuncia quase diariamente que destruiu drones ucranianos lançados contra o seu território, embora geralmente em menor número. Kiev afirma que estes ataques, que visam frequentemente instalações energéticas, são uma resposta aos bombardeamentos russos no seu territórioRússia continua a avançar na linha da frente
O exército russo continua a avançar na linha da frente, tendo obtido importantes ganhos territoriais na Ucrânia, nomeadamente em torno das cidades de Pokrovsk, Kurakhove e Kupiansk, a menos de dois meses do regresso de Donald Trump à Casa Branca, nos Estados Unidos, o que é visto como um possível ponto de viragem.

Muito crítico em relação aos milhares de milhões de dólares disponibilizados por Washington para a Ucrânia, o Presidente eleito prometeu resolver o conflito ainda antes de tomar posse, a 20 de janeiro, sem nunca explicar como.

Na quinta-feira, Vladimir Putin, que trabalhou ao lado de Donald Trump durante a sua primeira passagem pela Casa Branca, entre 2017 e 2021, descreveu-o como um “homem inteligente”, com “muita experiência”, capaz de “encontrar” soluções.

c/ agências
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