O Kremlin (presidência russa) mostrou-se hoje disponível para analisar o chamado "plano de vitória" que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pretende apresentar esta semana durante a sua visita aos Estados Unidos.
"Quando houver qualquer informação através de meios oficiais, nós, naturalmente, iremos estudá-la cuidadosamente", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa telefónica diária.
Peskov sublinhou que, por enquanto, os meios de comunicação social têm divulgado informações contraditórias sobre o conteúdo do plano de Kiev.
Zelensky está esta semana nos Estados Unidos, tendo no domingo visitado uma fábrica de munições na Pensilvânia, que está a produzir uma das munições classificadas como fulcrais para a luta contra a invasão russa.
A par de participar e de discursar na reunião anual da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, Zelensky irá apresentar o referido "plano de vitória" ao Presidente norte-americano, Joe Biden, bem como aos dois candidatos à Casa Branca nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro, Kamala Harris e Donald Trump.
Segundo a imprensa internacional, o plano inclui garantias de segurança; um programa de assistência económica; o compromisso de futuros fornecimentos de armas, incluindo mísseis de longo alcance; e a pressão diplomática para que a Rússia aceite sentar-se e negociar uma solução pacífica para o conflito.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, garantiu no passado sábado que a Rússia não participará em nenhuma cimeira de paz para a Ucrânia que se baseie na fórmula proposta pelo Presidente ucraniano.
"Os representantes russos não participaram e não participarão em nenhuma reunião do processo de Burgenstock [cidade suíça onde foi realizada a primeira cimeira de paz na Ucrânia sem a participação russa]. Este processo nada tem em comum com a procura de soluções", disse a porta-voz da diplomacia russa.
No entanto, Zakharova esclareceu que a Rússia não rejeita "uma solução político-diplomática para a crise" que se baseie nas condições propostas em meados de junho pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
O líder russo propôs que Kiev retirasse as suas tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) e renunciasse aos seus planos de adesão à NATO, em troca de um cessar-fogo imediato e do início de negociações de paz.
Segundo os analistas internacionais, a Rússia não avançará para possíveis negociações de paz com a Ucrânia até expulsar definitivamente as tropas ucranianas da região fronteiriça russa de Kursk, onde entraram em 06 de agosto e assumiram o controlo de cerca de uma centena de localidades.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).