A Ucrânia reiterou hoje que não precisa de mediação externa na guerra causada pela invasão russa, em reação ao anúncio da viagem a Moscovo esta semana do enviado do Papa, cardeal Matteo Zuppi.
"A nossa posição é clara e expressamo-la muito abertamente: não precisamos de nenhuma mediação, e isso [acontece] porque tivemos más experiências. Não confiamos na Rússia", disse Andryi Yermak, chefe do gabinete do Presidente ucraniano, citado pela agência Ansa.
Yermak acrescentou, porém, que seriam bem-vindos resultados da mediação de Zuppi sobre as crianças deportadas para a Rússia e sobre troca de prisioneiros.
O enviado do Papa para a guerra na Ucrânia estará em Moscovo entre quarta-feira e a quinta-feira numa missão de paz promovida pelo Papa Francisco, divulgou hoje o Vaticano.
"O objetivo principal da iniciativa é promover gestos de humanidade, que possam contribuir para uma solução para a trágica situação atual e encontrar caminhos para alcançar uma paz justa", de acordo com o Vaticano.
Esta viagem à Rússia acontece três semanas depois da visita do cardeal Zuppi a Kiev, onde se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky.
Até ao momento, o Vaticano não divulgou a agenda do cardeal Zuppi na capital russa.
O enviado do Papa poderá encontrar-se com o patriarca ortodoxo, Cirilo I, favorável à invasão russa na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro de 2022.
Desconhece-se ainda se está previsto um encontro entre Zuppi e o Presidente russo, Vladimir Putin.
Em Kiev, o enviado papal teve vários encontros e ouviu o Presidente Zelensky reafirmar que não aceitará qualquer cessação de hostilidades que não inclua a retirada da Rússia do território ucraniano.
Em resposta, Moscovo disse que as autoridades de Kiev têm de se adaptar à nova realidade.
A Ucrânia e a Rússia ainda participaram em conversações nos primeiros meses da guerra, mas sem sucesso.
Até agora, falharam todas as iniciativas para que as duas partes retomassem o diálogo, quando as forças ucranianas têm em curso uma contraofensiva dirigida às posições militares da Rússia em território ucraniano e o Kremlin enfrenta uma crise interna provocada pelo levantamento armado liderado pelo líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e que foi abortado no sábado quando uma coluna dos soldados mercenários se encontrava a 200 quilómetros da província de Moscovo.