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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Kiev elogia "proposta de paz" de Boris Johnson após encontro com Trump

por Lusa

A Ucrânia elogiou hoje, pela voz da vice-primeira-ministra Olga Stefanishina, a designada proposta de paz formulada na semana passada pelo ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson após reunir-se com Donald Trump, ex-presidente dos EUA.

Num artigo de opinião publicado no diário Daily Mail, Johnson sugeriu a possibilidade de Trump levantar as restrições que os EUA continuam a impor a Kiev sobre a utilização de armamento norte-americano contra território da Rússia para forçar de seguida o Presidente russo, Vladimir Putin, a retirar-se de todas as zonas da Ucrânia ocupadas pela Rússia desde 24 de fevereiro de 2022.

"Devemos apreciar a sua valentia porque manteve um encontro com Trump por iniciativa própria", disse a vice-primeira-ministra num encontro com jornalistas em Kiev.

Stefanishina acrescentou que Johnson -- que se destacou pelo seu firme apoio político e militar à Ucrânia quando ocupava o cargo de primeiro-ministro britânico (2019-2022) -- "atua a favor dos interesses da Ucrânia" e "conhece a posição" do Presidente Volodymyr Zelensky.

A vice-primeira-ministra ucraniana sublinhou a relevância da posição de Johnson face à perspetiva de uma vitória do Partido Republicano, que tem Donald Trump como candidato, nas eleições presidenciais de novembro nos EUA.

"Tem autoridade, reconhecimento e comunicação com os seus companheiros do Partido republicano", disse numa referência ao político conservador britânico e citada pelo periódico Ukrainska Pravda.

As críticas de Trump ao apoio financeiro da administração democrata dirigidas a Kiev e as suas repetidas promessas de terminar com a guerra em 24 horas suscitaram apreensão entre a liderança ucraniana, que receia que Trump tenta garantir a paz forçando a Ucrânia e prescindir do território que permanece sob controlo russo.

Trump e a fação dominante que o apoia no Partido Republicano insistem que a Europa deve assegurar a sua própria segurança e defendem uma redução do envolvimento dos EUA no continente europeu.

Uma tendência que Boris Johnson parece tentar contrariar com esta sua iniciativa. O ex-primeiro-ministro britânico teve uma influência determinante no colapso de um projeto de acordo negociado entre Moscovo e Kiev em 2022. Na ocasião, os ocidentais convenceram os líderes ucranianos a rejeitá-lo, prometendo armas e a derrota russa.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

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