Kiev critica retoma de voos diretos entre Geórgia e Rússia

por Lusa

A Ucrânia criticou hoje a retoma de voos entre a Rússia e a Geórgia, decidida por Moscovo na semana passada depois de uma proibição de quatro anos e meio.

"O mundo isola a Rússia para obrigá-la a parar a guerra, mas a Geórgia dá as boas-vindas às companhias áreas russas e envia as suas para Moscovo", denunciou o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, na rede social Twitter.

"O Kremlin só se pode alegrar com tal resultado", acrescentou.

Os voos para a Geórgia estavam proibidos desde 2019, mas o presidente russo, Vladimir Putin, suspendeu o bloqueio na semana passada, concedendo um regime de isenção de visto aos cidadãos da Geórgia que desejam viajar para a Rússia.

Há vários meses, a oposição política na Geórgia denuncia uma aproximação do governo à Rússia, que também preocupa a União Europeia, que Tbilisi pretende integrar.

A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, uma dirigente política pró-ocidente com poderes limitados, denunciou a retoma dos voos com a Rússia como uma "provocação" de Moscovo.

"São inaceitáveis para a Geórgia enquanto a Rússia continuar a agressão contra a Ucrânia e continuar a ocupação dos nossos territórios", escreveu a chefe de Estado na rede social Twitter.

O deputado da oposição do Partido Republicano, Román Gotsiridze, destacou à agência EFE que "a Rússia está de facto a arrastar a Geórgia para o seu espaço político e económico".

"A Geórgia está-se a tornar o único estado da Europa que abre o céu à Rússia. Estamo-nos a tornar uma província russa", apontou.

O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili, defendeu a retoma dos voos diretos com a Rússia, perante as críticas da União Europeia (UE), assegurando que o seu país não violará as sanções impostas a Moscovo pela invasão da Ucrânia.

"Quero tranquilizar os nossos amigos da UE de que isto é apenas economia e relações comerciais e que os voos serão realizados apenas com empresas e aviões não sancionados", destacou Garibashvili em declarações ao canal de televisão Imedi.

Moscovo defendeu a medida destinada a "facilitar gradualmente as trocas e contactos" entre os cidadãos de ambos os países.

O primeiro voo russo para a Geórgia, que tem recebido um grande número de russos que fogem da mobilização militar decretada por Vladimir Putin, está agendado para sexta-feira e o primeiro voo de Tbilisi para Moscovo arrancará no sábado.

"A Georgian Airways recebeu hoje, 16 de maio, autorização para realizar voos na rota Tbilisi-Moscovo-Tbilisi a partir de 20 de maio com uma frequência de sete voos semanais", disse um porta-voz da companhia à agência EFE.

O governo da Geórgia autorizou também a companhia aérea russa Azimuth a realizar sete voos semanais Moscovo-Tbilisi-Moscovo, confirmou o Ministério dos Transportes russo.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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