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Incursão da Ucrânia. Exército russo diz estar a impedir o avanço das forças ucranianas

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Igor Kutsak - EPA

O exército ucraniano está a realizar uma incursão terrestre na região russa de Kursk desde 6 de agosto. Uma das suas principais ambições é "deslocar a guerra" para o território russo e desestabilizar a situação na Rússia. Seis dias após o ataque surpresa de Kiev, milhares de soldados participam na atual incursão enquanto a Rússia afirma que está a conseguir impedir que as tropas ucranianas avancem em profundidade.

O anúncio é do Ministério russo da Defesa que afirma ter impedido "tentativas de avanço" de "grupos móveis de veículos blindados" inimigos perto das cidades russas de Tolpino, Jouravli e Obchtchi Kolodez junto à Ucrânia, por meio de ataques aéreos, de drones e de artilharia, assim como envio de reservas do Grupo Norte, situado na região ucraniana de Kharkiv.

O exército russo também afirma ter atingido tropas de Kiev com mísseis e artilharia perto das cidades russas de Soudja, Korenevo, Staraïa Sorotchitsa e Borki, e ter impedido um avanço no distrito de Belovski, mais a leste do país.

A Ucrânia lançou na passada terça-feira uma operação em grande escala na região fronteiriça russa de Kursk, após meses a recuar perante os soldados russos na frente leste da Ucrânia. Nos últimos seis dias, as forças ucranianas avançaram até 15 quilómetros em território russo e tomaram o controlo de várias localidades, de acordo com os analistas.

"O objetivo é deslocar as posições do inimigo, infligir o máximo de perdas, desestabilizar a situação na Rússia – porque eles são incapazes de proteger suas próprias fronteiras – e transferir a guerra para o território russo", admitiu um oficial de segurança ucraniano no sábado à noite, em declarações à AFP sob condição de anonimato. 

A mesma fonte garantiu que "milhares" de soldados ucranianos estavam a participar na operação respeitando o direito humanitário internacional e com o conhecimento dos aliados ocidentais que foram previamente avisados. "Dado que as armas ocidentais estão a ser ativamente utilizadas (...) os nossos parceiros ocidentais estiveram indiretamente envolvidos no seu planeamento", afirmou. 

Com esta incursão, Kiev não tem qualquer intenção de anexar as áreas que ocupam atualmente mas poderá vir a utilizar os possíveis ganhos territoriais "para fins políticos", por exemplo, durante as negociações de paz com a Rússia, explicou o responsável de segurança ucraniano.
Kiev quer "restaurar a justiça"
Após dias de silêncio sobre a incursão ucraniana, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reconheceu pela primeira a vez no sábado à noite a sua existência e explicou que o seu objetivo era "deslocar a guerra para o território do agressor"

As cidades ucranianas têm sido alvo de ataques diários de artilharia, mísseis e drones desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. 

"Os ucranianos estão a restaurar a justiça, a destruir o ocupante e a defender as nossas posições. É necessário preservar a independência da Ucrânia e atingir os nossos objetivos", afirmou Zelensky.  "O mais importante é a paz para todos assim que possível", concluiu.
Moscovo promete "resposta severa"
A incursão ucraniana parece ter "apanhado os russos desprevenidos" e "levantou realmente a nossa moral, a do exército ucraniano, a do Estado e a da sociedade", disse o responsável de segurança ucraniano, após semanas de avanços russos no leste da Ucrânia.

Em resposta aos ataques de Kiev, Moscovo prometeu uma "resposta severa" e estará a preparar um ataque maciço de mísseis contra "centros de decisão" na Ucrânia, de acordo com a mesma fonte. Nas últimas horas Kiev está a ser alvo de ataques aéreos russos que estão a ser interpretados como retaliação.


Desde o início da incursão ucraniana que a Rússia enviou reforços e declarou estado de emergência em Belgorod, Bryansk e Kursk. No sábado, anunciou que tinha evacuado mais de 76 mil pessoas da zona afetada pela incursão para "locais seguros".

c/agências
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