Governo ucraniano sofre remodelação em momento crítico do conflito com a Rússia

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

A Ucrânia tem sido alvo de uma nova onda de ataques russos. E perante um cenário de escalada da guerra com a Rússia, o Governo ucraniano sofre uma nova remodelação, marcada pelas demissões de seis ministros, incluindo o chefe da Diplomacia. Esta quinta-feira, o grupo parlamentar do partido de Volodymyr Zelensky anunciou através do seu responsável, Davyd Arakhamia, os nomes propostos para substituir os dez ministros que abandonam o Governo ou mudam de cargo.

Nos últimos dias, seis ministros ucranianos pediram a demissão, enviando notas escritas à mão ao parlamento, com poucas explicações para as suas decisões. A saída mais polémica foi a do ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitry Kuleba, que apresentou na quarta-feira a demissão, numa carta dirigida ao Verkhovna Rada (parlamento) do país.

"O Verkhovna Rada recebeu uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, D.I. Kuleba, sobre a sua demissão", escreveu o presidente do parlamento, Ruslan Stefanchuk, nas redes sociais.

Kuleba estava na liderança dos Negócios Estrangeiros desde 2020 e mantendo a pasta da diplomacia durante a guerra. A demissão surge depois de os ministros da Justiça, das Indústrias Estratégicas e do Ambiente terem também apresentado a demissão ao parlamento, juntamente com o diretor do Fundo de Propriedade do Estado.

O escolhido para substituir o ainda ministro dos Negócios Estrangeiros foi Andrei Sibiga, que até agora era o segundo na hierarquia naquele Ministério. Sibiga foi, entre 2021 e abril desse ano, um dos chefes adjuntos do gabinete presidencial ucraniano, ocupando-se da política estrangeira e escrevendo discursos para Zelensky.

O Ministério da Justiça é outro que será alvo de remodelação, tendo Zelensky proposto a vice-primeira-ministra para a Integração Europeia, Olga Stefanishyna, para ministra dessa pasta.

Não há nenhuma declaração ou explicação oficial para o que motivou a mudança governativa, mas na quarta-feira o presidente ucraniano afirmou que o Governo precisava de “nova energia” em vários setores.

"Estas novas medidas estão relacionadas com o reforço do nosso Estado em diferentes direções", afirmou Zelensky numa conferência de imprensa. “Alguns eram ministros há cinco anos e precisamos de uma nova energia”.

Esta é a maior remodelação governamental desde a invasão russa em 2022, além disso, esta mudança em Kiev também acontece numa altura em que a Ucrânia luta para se defender de uma nova incursão de Moscovo.

Segundo explicou à agência de notícias EFE a deputada Yevguenia Kravchuk, o Parlamento vai retomar a avaliação das demissões dos ministros cessantes e dos novos ministros.
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