EUA pressionam Kiev a recrutar rapazes de 18 anos para ajudar a combater Rússia

por Lusa

Os Estados Unidos estão a instar a Ucrânia a alterar as suas leis de mobilização para as Forças Armadas para permitir recrutar rapazes de 18 anos, para ajudar a colmatar as necessidades de recursos humanos para combater a Rússia.

Um alto responsável da Presidência norte-americana disse hoje à agência de notícias Associated Press (AP), a coberto do anonimato, que o Governo democrata cessante quer que a Ucrânia reduza a idade de mobilização para 18 anos, em vez dos atuais 25 anos, para ajudar a aumentar o grupo de homens em idade de combate disponíveis para ajudar uma Ucrânia muito desguarnecida na sua guerra de quase três anos com a Rússia.

Segundo essa fonte, "a simples matemática" da presente situação da Ucrânia é que ela precisa de mais tropas para combater.

A Casa Branca já concedeu mais de 56 mil milhões de dólares (53 mil milhões de euros) em ajuda à segurança da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, e pretende enviar mais milhares de milhões para Kiev antes de o Presidente em exercício, Joe Biden, deixar o cargo, em janeiro próximo.

Mas, com o tempo a esgotar-se, a Casa Branca de Biden está também a certificar-se de que a Ucrânia tem o armamento de que precisa e tem, agora, de aumentar drasticamente os seus efetivos, se quiser continuar a repelir a Rússia.

A mesma fonte indicou que os ucranianos acreditam precisar de cerca de mais 160.000 soldados, mas o Governo norte-americano crê que provavelmente precisarão de mais que isso.

Neste momento, há mais de um milhão de ucranianos no ativo, incluindo efetivos da Guarda Nacional e de outras unidades.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também tem escutado as preocupações dos aliados de outras capitais ocidentais de que a Ucrânia tem um problema de falta de recursos humanos e não de armamento, segundo responsáveis europeus que falaram a coberto do anonimato.

Os aliados europeus também sublinharam que a falta de profundidade, em termos de efetivos, significa que, em breve, poderá tornar-se insustentável para a Ucrânia continuar a operar na região fronteiriça russa de Kursk, que a Ucrânia tomou este ano.

A situação em Kursk tornou-se ainda mais complicada com a chegada de milhares de militares norte-coreanos que foram ajudar Moscovo a tentar recuperar o seu território.

A intensificação da pressão para que Kiev reforce as suas fileiras de combate ocorre também numa altura em que a Ucrânia se prepara para a posse do Presidente eleito norte-americano, o republicano Donald Trump, a 20 de janeiro.

Trump disse que iria pôr um fim rápido à guerra, levantando dúvidas sobre se o seu Governo irá ou não continuar a fornecer à Ucrânia o apoio militar vital dos Estados Unidos.

A Ucrânia tomou medidas para alargar o número de homens elegíveis para o recrutamento, mas os seus esforços não produziram efeitos contra um Exército russo muito maior.

Em abril, o parlamento ucraniano aprovou uma série de leis, entre as quais a redução da idade de alistamento de 27 para 25 anos, com o objetivo de alargar o universo de homens que poderiam ser chamados a juntar-se ao esforço de guerra.

Essas leis também eliminaram algumas isenções ao recrutamento e criaram um registo `online` para os recrutas. Esperava-se que acrescentassem cerca de 50.000 soldados, um número muito inferior ao que Zelensky afirmou na altura ser necessário.

O recrutamento tem sido um tema sensível na Ucrânia durante toda a guerra. Os próprios problemas da Rússia com recursos humanos e planeamento no início da guerra impediram Moscovo de tirar o máximo partido da sua vantagem. Mas a maré mudou, e os Estados Unidos sustentam que a escassez de soldados já não pode continuar a ser ignorada.

Alguns ucranianos expressaram a preocupação de que reduzir mais ainda a idade mínima de alistamento e assim afastar mais jovens adultos da força de trabalho possa produzir o efeito contrário, prejudicando ainda mais a economia do país, devastada pela guerra.

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